Edison Ticle bem que adiantou ao AgFeed há um mês: a desalavancagem da Minerva começaria já em 2025.

Depois de aumentar sua dívida líquida em 2024 para fechar a compra dos ativos pertencentes à Marfrig e ver sua alavancagem encerrar o primeiro trimestre de 2025 em 3,7 vezes o Ebitda, a companhia deu o primeiro passo para chegar ao patamar projetado de 2,6 vezes, o mesmo antes das aquisições, no primeiro trimestre do ano que vem.

Em comunicado divulgado na noite desta segunda-feira, 2 de junho, a Minerva anunciou que recomprou US$ 309,1 milhões em bonds que venceriam em 2028 e 2031, e que utilizou recursos do aumento de capital anunciado em abril para tal.

“Após recomprar e cancelar uma parcela de US$ 69 milhões em março, comunicamos a recompra de outro tranche dos Bonds 2028 e 2031, que totalizam US$ 309 milhões, recomprados ao longo de 2025. As operações totalizam um valor de aproximadamente R$ 1,8 bilhão, financiados através dos recursos provenientes do aumento de capital privado realizado pela companhia”, resumiu a Minerva, no texto apresentado à CVM.

Em outro documento, a empresa informou que a primeira fase do aumento de capital foi concluída. A Minerva já captou R$ 1,71 bilhão com a emissão de 331,7 milhões de novas ações junto aos seus acionistas.

A maior parte desse valor foi aportada pelos acionistas majoritários, o fundo saudita Salic e a família Vilela de Queiroz, controladora da companhia. Os dois grupos já haviam se comprometido previamente a investir pelo menos R$ 1 bilhão na operação.

A Minerva pretendia aumentar o capital em pelo menos R$ 1 bilhão e, no máximo, em R$ 2 bilhões. Passado esse período, chamado de “Direito de Preferência”, a companhia agora vai ao mercado buscar interessados em completar o montante.

Ao final de março, a alavancagem da empresa, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda, estava em 3,7 vezes. O patamar mostra uma estabilidade frente ao apresentado no final de 2024, com a dívida líquida se mantendo também estável em R$ 15,6 bilhões.

O indicador subiu após a empresa ter desembolsado R$ 7,5 bilhões na aquisição das plantas da Marfrig e a meta agora é desalavancar aos poucos.

Na época que divulgou seus resultados referentes ao primeiro trimestre, o CFO Edison Ticle projetou que a Minerva encerraria 2024 com uma receita líquida de até R$ 58 bilhões no ano.

Considerando o guidance que a empresa divulgou de sua receita e que a margem ebitda média dos últimos anos ficou em 9%, a Minerva tem capacidade de gerar um Ebitda positivo entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5,3 bilhões, nos cálculos de Edison Ticle.

Somando a geração de caixa que isso gera ao aumento de capital que começa a ganhar corpo, Ticle já projetou uma queda na alavancagem.

"Só pela geração de caixa com essa operação, nossa alavancagem pode cair para 3 vezes. Com o aumento de capital realizado recentemente nós aceleramos esse processo", disse.

"Se incorporássemos o aumento de capital hoje, a alavancagem estaria em 3,2 vezes. Estamos tranquilos e nosso guidance vai mostrar para o mercado que em qualquer cenário de Ebitda, mesmo no pior, teremos geração de caixa", afirmou em entrevista dada no início de maio.

Nessa trajetória, Ticle prevê que a alavancagem da empresa poderá voltar ao patamar pré-aquisição dos ativos, algo em torno de 2,6 vezes o Ebitda, no primeiro trimestre do ano que vem.

Resumo

  • Minerva recomprou US$ 309 milhões em bonds com recursos do aumento de capital, como parte da estratégia de desalavancagem
  • Salic e a família Vilela já aportaram R$ 1 bilhão na primeira fase do aumento, que totalizou R$ 1,71 bilhão em novas ações
  • A empresa quer reduzir a alavancagem de 3,7x para 2,6x Ebitda até o primeiro trimestre de 2026, segundo projeção do CFO Edison Ticle