A julgar pelas projeções apresentadas para 2026, o inverno das máquinas agrícolas ainda não terminou na avaliação da John Deere.
O CEO da companhia de máquinas, John May, não mediu palavras para definir o quadro obscuro que se avizinha para a companhia no curto prazo.
"Olhando para o futuro, acreditamos que 2026 marcará o ponto mais baixo do ciclo agrícola em larga escala”, afirmou May no comunicado com os resultados do fechamento do ano fiscal de 2025, apresentados pela companhia nesta quarta-feira, 26 de novembro.
Ao longo de 2025, a John Deere acumulou uma queda de 12% em sua receita global, que recuou de US$ 51,7 bilhões em 2024 para US$ 45,6 bilhões neste ano.
Houve queda generalizada em todos os segmentos produtivos da companhia. Na linha verde, a John Deere registrou recuo 17% nas vendas de máquinas grandes e de agricultura de precisão, e de 7% nas máquinas pequenas e de jardinagem. Na linha amarela, focada em equipamentos para construção civil e setor florestal, o recuo foi de 12%.
As margens também sofreram forte pressão, sobretudo por causa das tarifas impostas pelo governo americano com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
O lucro operacional das principais divisões encolheu de forma expressiva: queda de 41% nas máquinas grandes (de US$ 4,5 bilhões para US$ 2,6 bilhões), retração de 26% nas máquinas pequenas e de jardinagem (de US$ 1,6 bilhão para US$ 1,2 bilhão), e redução de 49% na linha amarela (de US$ 2 bilhões para US$ 1,028 bilhão).
O lucro líquido da companhia como um todo foi de US$ 5,027 bilhões, cerca de 30% menor que os US$ 7,1 bilhões do ano passado.
E a situação não deve mudar no ano que vem, pelo contrário. Para 2026, a John Deere espera nova queda no lucro líquido, que deve girar entre US$ 4 bilhões e US$ 4,75 bilhões – o que representaria uma queda entre 5% a 20% em relação ao número de 2025.
As projeções da companhia apontam recuo entre 5% e 10% nas vendas de máquinas e agricultura de precisão em 2026.
Para o mercado norte-americano e canadense, a John Deere já espera uma queda de 15% e 20% nas vendas de grandes máquinas agrícolas, enquanto que, para o segmento de máquinas pequenas e jardinagem, a companhia espera estabilidade ou alta de 5%.
Nos demais mercados, todavia, a empresa prevê estabilidade ou pequenas variações, com vendas estáveis na Europa e queda de 5% na América do Sul.
As tarifas do governo americano devem seguir prejudicando a companhia no ano que vem, com um impacto tarifário pré-impostos estimado em cerca de US$ 1,2 bilhão em 2026, o dobro dos quase US$ 600 milhões registrados ao longo deste ano.
Depois desse banho de água fria, as ações da John Deere passaram o dia em queda na Bolsa de Nova York, onde a companhia é listada. Por volta das 17h, acumulavam queda de 4,6% no dia, cotadas a US$ 475,48. No ano, porém, acumulam alta de 3,13%.
Resumo
- Receita global da John Deere recua 12% em 2025, margens despencam e lucro líquido cai quase 30%, impactado por menor demanda e tarifas dos EUA
- Para 2026, Deere prevê “ponto mais baixo do ciclo”, com novo recuo no lucro (US$ 4 bi a US$ 4,75 bi) e queda de 5% a 10% nas vendas
- Máquinas grandes nos EUA/Canadá devem cair 15%–20% e impacto tarifário pode dobrar para US$ 1,2 bi, mantendo pressão sobre resultados