“Flat”. Assim, com um termo que, em inglês, pode ser traduzido como “plano”, a montadora John Deere resumiu sua expectativa para as vendas de máquinas agrícolas na América do Sul em 2025.
Significa que a companhia não espera ampliar as receitas na região. Mas também indica que vê um cenário em que não haverá queda – e isso, por si só, já é uma das poucas boas notícias apresentadas no balanço divulgado na manhã desta quinta-feira, 13 de setembro.
A segunda informação que pode ser encarada como positiva é a previsão de lucro para 2025: entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões.
Também aqui, o fato de não haver revisão para baixo em relação ao guidance anterior é algo a colocar na conta de uma mudança, para melhor, de clima entre os produtores rurais em vários pontos do globo.
Segundo ressaltou a companhia no documento apresentado ao mercado, a economia agrícola estaria mostrando sinais de recuperação, embora ainda não suficiente para ver números apontando para cima.
Na América do Norte, por exemplo, a John Deere estima uma nova redução de 30% nas vendas de equipamentos agrícolas. Na Europa, a queda deve ser de 5% e na Ásia, uma leve baixa em relação a 2024.
Os números do trimestre ainda refletem o humor azedo dos agricultores por conta dos preços baixos de commodities e de custos mais altos de produção. Com isso, eles investiram menos em novas máquinas.
O lucro líquido no período foi de US$ 869 milhões, metade do que havia sido apurado há um ano. As vendas líquidas caíram 30%, de US$ 12,18 bilhões para US$ 8,5 bilhões.
Olhando por segmento de negócios, a área de grandes máquinas e agricultura de precisão foi a que teve a segunda maior queda no trimestre (-37%), quase a mesma redução vista nos equipamentos de construção civil (-38%).
John May, CEO da John Deere, apontou também como positivo o fato de que os custos com estoques, bastante significativos no negócio de máquinas, estão mais equacionados após a redução da produção de novos equipamentos.
“O desempenho da Deere no primeiro trimestre destaca nosso foco contínuo na otimização de estoques”, disse o CEO John May em comunicado na quinta-feira.
“Estamos vendo evidências convincentes de que nossos esforços estão posicionando a empresa para navegar com sucesso no ambiente atual.”
Outro ponto destacado pela empresa foi o aumento nas vendas de seus kits para conectar tratores à internet usando Starlink – e aí o caso brasileiro foi ressaltado.
O balanço não traz, no entanto, nenhuma menção a um desafio adicional a ser enfrentado pela indústria de máquinas, principalmente nos Estados Unidos, este ano: o impacto das guerras de tarifas implantadas pelo presidente Donald Trump.
E eles podem vir de duas frentes. Primeiro, em aumento de custos, com a imposição de tarifas sobre a importação de aços e alumínio, matérias-primas básicas para o setor.
Segundo, com eventuais retaliações de outros países às máquinas produzidas nos EUA, como já está em curso com a China.
Na teleconferência realizada na manhã desta quinta, a Deere informou que ainda está a desenhar cenários para mensurar esses impactos.