A luz no fim do túnel continua aparecendo. O difícil tem sido acelerar a velocidade para chegar até ela. É o que indicam os resultados e as expectativas dos exevcutivos da gigante de máquinas agrícolas John Deere.
Os números vieram novamente fracos no segundo balanço apresentado pela companhia no ano. Mas os indicadores para o segundo trimestre do ano fiscal da empresa já mostraram um pouco mais de tração do que os do trimestre anterior, quando o lucro líquido caiu pela metade.
Dessa forma, a julgar pelas declarações do CEO John May, a confiança dos gestores do grupo não foi abalada. E os investidores, que esperavam números ainda piores, foram surpreendidos positivamente, fazendo com que as ações da companhia subissem mais de 1% no pré-market.
“Apesar dos desafios de mercado no curto prazo, continuamos confiantes no futuro”, disse May em um comunicado à imprensa divulgado juntamente com os números do ano fiscal da montadora americana nesta quinta-feira, dia 15 de maio.
May também deixou um recado sobre o futuro da companhia nos Estados Unidos – em setembro do ano passado, companhia chegou a ser ameaçada pelo então candidato a presidente Donald Trump durante as eleições do ano passado de uma taxação de 200% caso transferisse sua produção para o México após a John Deere promover uma onda de demissões em suas fábricas americanas.
“Nosso compromisso em entregar valor aos nossos clientes inclui investimentos contínuos em produtos, soluções e capacidades de fabricação avançados. Na próxima década, continuaremos a fazer investimentos significativos em nosso principal mercado, os Estados Unidos, reforçando nossa dedicação à inovação e ao crescimento, ao mesmo tempo em que nos concentramos em permanecer competitivos em termos de custos em um mercado global.”
A realidade de agora, no entanto, é menos alvissareira, refletindo a demanda mais fraca por parte dos produtores. O lucro líquido da companhia recuou 24% no segundo trimestre deste ano, passando de US$ 2,370 bilhões há um ano para US$ 1,804 bilhão. A receita com vendas também caiu 18%, passando de US$ 13,6 bilhões para US$ 11,1 bilhões.
Nos resultados por segmento, as vendas da área de agricultura de precisão caíram 21%, passando de US$ 6,581 bilhões há um ano para US$ 5,230 bilhões agora, quase a mesma retração da área de construção, que registrou queda de 23% nas vendas, chegando a US$ 2,947 bilhões.
Com o resultado enfraquecido no segundo trimestre, a John Deere também resolveu alterar a expectativa de lucro líquido no ano, puxando a projeção para baixo. Agora, a companhia projeta que o resultado fique entre US$ 4,75 bilhões e US$ 5,5 bilhões, abaixo da previsão anterior, que colocava o número em uma faixa entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões.
A companhia manteve, no entanto, as projeções de vendas de máquinas agrícolas ao redor do mundo que já havia traçado no começo do ano. A expectativa é de que a comercialização fique estável na América do Sul e na Ásia e caia 30% nos EUA e no Canadá e 6% na Europa
John May já deve computar, em suas projeções, as notícias vindas do Brasil. No começo de maio, o vice-presidente de vendas e marketing da companhia para a América Latina, Antonio Carrere, alertou para o impacto negativo da escalada da taxa Selic, que agora está em 14,75%, nas vendas e os sinais de que o govero federal não terá caixa para bancar os financiamentos no Plano Safra 2025/2026. A empresa está prevendo um recuo de até 5% no mercado de máquinas neste ano no País.
“O momento atual com juro alto, volatilidade e incertezas globais, é certamente muito negativo e nossos produtores não estão comprando as tecnologias que poderiam trazer mais produção e mais gestão de custo”, disse Carrere em entrevista durante a 30ª edição da Agrishow, realizada no começo do mês em Ribeirão Preto (SP).
O executivo salientou ainda que, diante do juro alto, a indústria começa a diminuir o ritmo de produção e negócios. “Hoje achamos que seremos similar a 2024, ou de zero a 5% menos, enquanto há alguns meses era de zero a 5% positivos”, afirmou.
Resumo
- A John Deere registrou queda de 24% no lucro líquido e 18% na receita com vendas no trimestre
- Desempenho veio menos fraco que no trimestre anterior, surpreendendo positivamente os investidores e impulsionando as ações no pré-market
- Companhia reduziu expectativa de lucro anual, que agora deve ficar em uma faixa entre US$ 4,75 bilhões e US$ 5,5 bilhões. Antes, a projeção variava entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões