Indiana Mahindra confirma R$ 100 milhões em nova fábrica para acelerar presença no Brasil

Depois de um ano de indefinição, a fabricante indiana de máquinas agrícolas Mahindra oficializou um novo investimento no Brasil, de olho em acelerar sua produção no país.

A companhia vai aportar R$ 55 milhões na instalação de uma nova fábrica no município de Dois Irmãos (RS), na região do Vale do Rio dos Sinos. O valor final do investimento pode chegar a R$ 100 milhões em cinco anos. O plano foi oficializado nesta segunda-feira, dia 18 de agosto, em evento na prefeitura do município.

Com a nova unidade, a Mahindra projeta dobrar a capacidade produtiva no Brasil, passando de 3 mil para 9 mil tratores por ano. O número de empregos gerados também será ampliado, com expectativa de crescimento de 100 para 300 colaboradores diretos e indiretos.

As obras devem começar em setembro, em um terreno de 89 mil metros quadrados situado às margens da BR-116. A ideia da Mahindra é que, assim que estiver pronta, a nova fábrica substitua a atual planta, sediada em outro ponto de Dois Irmãos, ao longo do segundo semestre de 2026.

“A instalação da nova planta em Dois Irmãos representa um marco na trajetória da Mahindra no Brasil. Estamos investindo não apenas em infraestrutura, mas no futuro da agricultura nacional, com foco nos produtores que realmente alimentam o país. Este projeto reforça nosso compromisso com o desenvolvimento regional, geração de empregos e inovação acessível para o campo brasileiro”, disse Jak Torretta Jr., CEO da Mahindra Brasil, em nota.

A companhia já planejava ampliar sua operação no Rio Grande do Sul há alguns anos. Primeiro, a empresa considerou instalar a fábrica em Dois Irmãos ou em diferentes cidades do entorno da capital gaúcha, como Canoas, Esteio, Nova Santa Rita, segundo informações reportadas inicialmente pelo Jornal do Comércio, de Porto Alegre.

Depois, já no ano passado, a empresa anunciou que tinha escolhido Araricá, cidade próxima a Dois Irmãos, também no Vale do Rio dos Sinos, para sediar a nova unidade.

A Mahindra chegou a adquirir um terreno de 93 mil metros quadrados para instalar a unidade no município, mas reconsiderou seus planos ao ter tido a licença ambiental de operação da fábrica negada pela Fepam, o órgão ambiental do governo gaúcho, pela presença de cursos d’água na área onde a planta seria construída.

Com isso, a Mahindra decidiu retomar, neste ano, o plano em Dois Irmãos, onde já possui operações. Em maio passado, a empresa obteve da Fepam a licença prévia, que é a primeira etapa do processo de licenciamento ambiental, para a instalação de sua planta na cidade, mas a assessoria informou ao AgFeed que só oficializaria o investimento após a assinatura de contrato com a prefeitura de Dois Irmãos.

A presença da Mahindra em Dois Irmãos teve início em 2013, quando a Bramont, do grupo chileno Gildemeister, que era representante da empresa no Brasil, passou a montar tratores da marca em uma fábrica no município gaúcho. Três anos depois, em outubro de 2016, a companhia indiana assumiu totalmente a operação no país.

No Brasil, a Mahindra comercializa tratores de pequeno porte, com modelos de 25 a 110 cavalos de potência, além de vender também pulverizadores e implementos agrícolas.

Nos últimos anos, o mercado de máquinas agrícolas sofreu com queda nas vendas – no ano passado, a receita líquida do setor acumulou queda de 19,9%, segundo a Abimaq – abatendo especialmente as montadoras de grandes tratores.

Já as fabricantes de máquinas de menor porte tiveram perdas menores – e, em alguns casos, até aumento nas vendas. Dessa forma, com vendas ainda em alta, multinacionais interessadas em atender pequenos produtores de hortifruti, café e outras culturas tem ampliado suas operações.

Entre elas está a sul-coreana LS Tractor, marca da LS Mtron, que tem uma fábrica em Garuva (SC). Neste ano, a empresa anunciou a chegada de um novo CEO, Carlos Kim, com a missão de investir R$ 166 milhões no país ao longo de três anos.

Presente no Brasil desde 2013, a LS atende principalmente produtores de laranja e café e é fornecedora exclusiva de tratores para a Cooxupé, de Guaxupé (MG), maior cooperativa de café do mundo.

Mais recentemente, passou a atuar também na silvicultura, fornecendo máquinas para o plantio de eucalipto em operações da chilena CMPC no País.

Outra concorrente é a japonesa Yanmar, que anunciou recentemente que vai investir R$ 280 milhões na construção de uma nova unidade em Indaiatuba (SP), com o objetivo de ampliar a capacidade produtiva no País.

Atualmente, a empresa já opera na cidade, mas em uma instalação alugada que será gradualmente desativada. No país, a companhia trabalha com a venda de tratores pequenos para produtores de café e hortifruti, com modelos que vão de 20 a 105 cavalos de potência.