A AGCO Corporation, dona das marcas Massey Ferguson, Valtra e Fendt, reportou lucro líquido de US$ 305,7 milhões no terceiro trimestre de 2025, equivalente a US$ 4,09 por ação, um salto superior a dez vezes ante os US$ 30 milhões (US$ 0,40 por ação) do mesmo período de 2024.
Segundo o balanço divulgado nesta sexta-feira, o ganho ajustado, porém, ficou em US$ 1,35 por ação, refletindo os efeitos extraordinários da venda da participação da AGCO na na indiana TAFE e os custos da reestruturação global realizada pela empresa.
A receita líquida da companhia somou US$ 2,48 bilhões, queda de 4,7% em relação a 2024, impactada pela desaceleração do setor agrícola e pela base de comparação elevada do ano anterior, que incluía receitas de US$ 251 milhões da divisão de grãos e proteínas, vendida em novembro passado.
Na América do Sul, onde o Brasil é o principal mercado, as vendas recuaram 9,5% no trimestre, para US$ 322,4 milhões. Segundo o comunicado divulgado pela AGCO, o desempenho reflete uma demanda mais fraca em praticamente todas as linhas de produtos, com retração mais acentuada nas máquinas de maior potência.
A AGCO observou que, embora a colheita recorde de soja tenha sustentado a confiança dos produtores, os altos custos de insumos, as taxas de juros elevadas e as incertezas políticas continuam limitando a disposição de investimento no Brasil.
“A demanda por tratores menores e médios segue razoável, mas as compras de máquinas maiores permanecem contidas”, informou a empresa no balaço trimestral.
O lucro das operações sul-americanas caiu US$ 22,6 milhões em relação a 2024, com margem de 5,7%, diante da menor produção e dos efeitos de preços ligeiramente negativos.
Europa e Oriente Médio compensam
A região da Europa e Oriente Médio (EME) foi o destaque positivo do trimestre, com aumento de 20,3% nas vendas, já considerando o efeito cambial, para US$ 1,61 bilhão.
O avanço decorre da normalização da produção após paralisações em 2024 e da recuperação das vendas de tratores médios e de alta potência, o que levou o lucro operacional da região para US$ 163 milhões, com margem de 15,6%.
Na América do Norte, as receitas despencaram 32,1%, para US$ 383 milhões, pressionadas pela menor demanda por equipamentos de grande porte, reflexo de margens agrícolas comprimidas e juros ainda elevados.
Globalmente, a AGCO registrou lucro operacional de US$ 151,6 milhões, alta de 32% sobre 2024, e margem operacional ajustada de 7,5%. As vendas dos nove primeiros meses do ano totalizaram US$ 7,16 bilhões, recuo de 18,4% em relação a igual período de 2024.
O presidente e CEO da AGCO, Eric Hansotia, destacou que a companhia “entregou mais um trimestre sólido em um cenário global complexo, marcado por economia agrícola desafiadora e cautela nos investimentos”.
Segundo ele, a estratégia “Farmer-First” e os investimentos em agricultura de precisão e soluções autônomas ajudaram a sustentar a demanda por marcas premium como Fendt e Massey Ferguson.
O presidente e CEO da AGCO concluiu que, apesar da pressão sobre margens agrícolas e da volatilidade política, a transição para tecnologias mais inteligentes e sustentáveis “é irreversível” e seguirá guiando os investimentos da AGCO nos principais mercados, incluindo o Brasil.
Reestruturação
Após vender sua fatia na TAFE por US$ 260 milhões, a AGCO anunciou um novo programa de recompra de ações de US$ 300 milhões, parte do pacote total de US$ 1 bilhão aprovado em 2025.
A empresa também mantém o amplo programa de reestruturação e otimização de custos, iniciado em 2024, para enfrentar a queda global na demanda por máquinas agrícolas e ajustar sua estrutura de produção.
Após o balanço, a AGCO anunciou que revisou para cima sua projeção de lucro ajustado anual para cerca de US$ 5,00 por ação e espera receita total de US$ 9,8 bilhões em 2025, com margens operacionais em torno de 7,5%.
Resumo
- AGCO registra lucro líquido de US$ 305,7 milhões, impulsionado por venda da fatia na TAFE e reestruturação global
- Vendas na América do Sul caem 9,5%, com alta de custos e juros reduzindo demanda por máquinas agrícolas no Brasil
- Europa e Oriente Médio compensam com alta de 20% e empresa eleva projeção anual de lucro para US$ 5 por ação
 
   
                         
                     
                                         
                                         
                                         
                                         
                                         
                                         
                                        