Mercado de máquinas em baixa? Não para os chineses. Enquanto gigantes do mercado veem suas vendas derrapando mundo afora, a quarta maior empresa do segmento, a XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), engata outras marchas e acelera.
No Brasil, onde atua há cerca de 10 anos comercialmente, a marca chinesa movimenta seus coligados a expandir. Diante disso, a maior revenda da companhia no País, o Grupo Extra, sediado em Sumaré (SP), resolveu investir.
O grupo anunciou na manhã desta sexta-feira, dia 17 de outubro, que colocará em campo um plano de expansão de R$ 50 milhões para praticamente dobrar sua presença no País.
Atualmente, a companhia tem lojas espalhadas pelos estados de Mato Grosso (Cuiabá, Sinop, Nova Mutum, Água Boa e Confresa), Pará (Benevides, Marabá e Itaituba), Goiás (Jataí e Aparecida de Goiânia) e São Paulo (Sumaré e Guarulhos).
Agora, segundo o fundador e presidente do Grupo Extra Máquinas, Pérsio Briante, o plano envolve outras 12 lojas e um centro de distribuição em Parauapebas (PA).
“Teremos novas lojas nos estados que já atuamos e uma em Brasília. Esse investimento pode ser até maior que R$ 50 milhões, dado a logística do País”, disse, em encontro com jornalistas.
O Grupo Extra foi fundado em 1984, numa época em que Briante e seu pai ainda atuavam com o comércio de automóveis. Aos poucos, o mundo das máquinas entrou na empresa, que, no começo dos anos 1990, passou a ser um dos maiores representantes da Case no País.
Essa atuação forçou uma expansão regional, para atender mercados em estados como Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Com a união da multinacional com a New Holland em 1999, o Extra buscou outros caminhos, passou a distribuir caminhões Ford no Centro-Oeste e posteriormente, em 2013, passou a atuar com a Sany.
Foi em 2020 que tudo mudou e a empresa passou a atuar de forma exclusiva com a XCMG. “Criamos uma grande experiência no varejo em todos esses anos e chegamos na XCMG atuando primeiro em Mato Grosso, depois expandimos para Goiás e Pará. Em 2023 fomos nomeados o distribuidores para o estado de São Paulo”, conta o presidente.
Antes de distribuir a marca, o faturamento da empresa rondava os R$ 6 milhões. Para esse ano, a projeção é atingir R$ 650 milhões, mais de 40% frente aos R$ 450 milhões em receita no ano passado. A projeção é fechar a década faturando R$ 1,5 bilhão.
A jornada do grupo Extra ocorre em paralelo com os planos da XCMG no Brasil. A companhia chegou ao País em 2011, quando anunciou um investimento de US$ 200 milhões para construir uma fábrica em Pouso Alegre (MG).
A unidade ficou pronta alguns anos depois e ocupa uma área de mais de 800 mil metros quadrados.
A XCMG é hoje a quarta maior empresa do mundo em máquinas agrícolas. O balanço semestral da empresa mostrou uma receita operacional de 54,8 bilhões de yuans, cerca de US$ 7,6 bilhões pela cotação atual, uma alta de 8% em um ano, mostrando que está caminhando na contramão do mercado global.
A John Deere, por exemplo, líder global do segmento, faturou US$ 21,2 bilhões no mesmo intervalo, mas o montante foi 22% menor em um ano.
“A XCMG é uma empresa agressiva e nós estamos acompanhando esse ritmo. O Grupo Extra procura atender a companhia como uma empresa coligada que a assiste”, disse Briante.
Da receita atual, Briante cita que 25% vem do setor agrícola. Por mais que a XCMG possua um portfólio amplo nas máquinas, a operação do Extra no Brasil é focado principalmente na linha amarela. Com isso, atende o setor com máquinas que auxiliam empresas agro para além das operações nas lavouras.
“Não existe uma fazenda ou empresa que não precise de máquinas da linha de construção. Esses 25% tendem a aumentar, até por nossa capacidade de estar em muita cidade com forte produção agrícola”, disse.
Na visão de Briante, como a operação da empresa não depende do humor e da colheita do agricultor, diferente da operação agro de companhias consagradas como John Deere, CNH e AGCO, o crescimento ocorre porque o suporte não para de ter demanda.
“Não tem como operar sem pás carregadeiras dentro de armazéns. São produtos diferentes, então não entramos nessa ‘vala’ do mercado, que também caiu porque vendeu muito anos atrás.”
Ao AgFeed, Briante revelou que a empresa já tem vendido os primeiros tratores agrícolas no País, mas ainda numa operação teste. Os tratores da XCMG são de baixa potência, de até 150 cavalos.
A operação ainda conta com um braço financeiro, o Banco XCMG. Segundo a última demonstração financeira da instituição, a carteira de crédito estava em R$ 697 milhões ao final de junho.
Mais de 90% do total está dividido entre o setor de serviços e comércio e o agro ainda corresponde a menos de 1% do total, com R$ 133 mil.
Resumo
- Quarta maior fabricante mundial de máquinas, XCMG registrou receita semestral global de US$ 7,6 bilhões, alta de 8% em um ano. No Brasil, possui fábrica em Pouso Alegre (MG)
- Maior rede de revendas da chinexa XCMG no Brasil, Grupo Extra plano de R$ 50 milhões para praticamente dobrar sua presença no Brasil
- Expansão inclui 12 novas lojas no País e um centro de distribuição em Parauapebas (PA), mirando faturar R$ 650 milhões em 2025