A Copersucar, maior comercializadora global de açúcar e etanol, perderá dois dos seus maiores associados. Com oito unidades industriais, os grupos Pedra Agroindustrial e Ipiranga Agroindustrial - segundo e quarto maiores acionistas com 18,7% de participação no total - informaram que deixarão a companhia.
Os grupos não renovarão os contratos a partir de março de 2027, mês que marcará o final da próxima safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro - a safra atual termina em março de 2026. Fontes do AgFeed apontaram que houve um desalinhamento estratégico entre as associadas e a Copersucar.
Procurada pela reportagem, a Copersucar confirmou, em nota, a saída das associadas e justificou que os grupos Pedra e Ipiranga “destacaram o desejo em focar seus esforços exclusivamente na produção de açúcar e etanol, excluindo-se, dessa forma, as frentes de diversificação propostas no plano de negócios do Ecossistema Copersucar”.
Nascida em 1969 como Cooperativa dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo, a Copersucar se tornou uma Sociedade Anônima em 2008 para comercializar os produtos dos associados e de outros produtores. Entre outras empresas, controla a trading Alvean, o Terminal Açucareiro Copersucar (TAC), a Eco-Energy, a Copersucar USA, e é sócia na Evolua Etanol e na Logum.
“Com 66 anos de história, a Copersucar se tornou líder global na comercialização de açúcar e etanol e seu modelo de atuação prevê a entrada e saída de usinas associadas. O volume produzido pelos dois grupos, somado, representa cerca de 6% do total comercializado pela companhia”, completou a Copersucar.
As ações de Pedra e Ipiranga serão pulverizadas entre as outras associadas. Já em relação á produção que seria perdida pela saída dos dois grupos, parte deve ser recuperada pela Copersucar através de maior oferta de outras associadas. A Cocal, terceira maior acionista com 8,85% de participação, por exemplo, anunciou na última semana a aquisição de duas unidades da Raízen, ambas em Rio Brilhante (MS), e terá quatro usinas associadas.
Com 11,35% de participação acionária a Pedra Agroindustrial é uma das mais tradicionais e longevas empresas do setor sucroenergético. Fundada em 1931, em Serrana (SP), a companhia tem quatro unidades produtoras: a Usina da Pedra, que batiza o grupo, a Usina Buriti, em Buritizal (SP); a Usina Ipê, em Nova Independência (SP); e Usina Cedro, em Paranaíba (MS), inaugurada nesta safra 2025/2026.
Segundo informações da companhia, as unidades industriais paulistas processaram 13,524 milhões de toneladas de cana na safra 2024/2025, produziram 505,5 mil toneladas de açúcar e 834,4 milhões de litros de etanol, além da geração de 752,5 mil MWh de energia elétrica a partir de biomassa para o sistema.
Na primeira safra, a usina Cedro tem previsão de processar 614.229 toneladas de cana-de-açúcar, produzir 53,3 milhões de litros de etanol e ofertar 38.602 MWh em 2025/2026.
Procurada, a Pedra Agroindustrial informou apenas que o grupo segue com contrato vigente com a Copersucar e que não iria comentar a saída da sociedade.
Com 7,36% de participação acionária da Copersucar, a Ipiranga Agroindustrial também tem origem em Serrana (SP). Há 80 anos, Mario Tittoto iniciou o cultivo de cana na região. Mas somente em 1988 a família Tittoto ingressou no ramo industrial, adquirindo o controle acionário da Açucareira Santo Alexandre, em Mococa (SP), em sociedade com a família Cunali.
A Ipiranga Agroindustrial cresceu com usinas em Descalvado e Iacanga, ambas no Estado de São Paulo, e uma quarta unidade, em Passos (SP), foi adquirida em 2021. Na safra passada, as usinas processaram 9 milhões de toneladas de cana, produziram 390 milhões de litros de etanol, 594,6 mil de toneladas de açúcar e geraram 320 mil MWh de energia a partir do bagaço da cana.
A companhia foi procurada, mas não retornou ao AgFeed até a publicação dessa reportagem.
Gigante do setor de originação e comercialização com 70 países, a Copersucar encerrou a safra 2024/2025 com uma receita líquida de R$ 62,3 bilhões e lucro líquido de R$ 402 milhões, altas de 15,3% e 43,1%, respectivamente, sobre o período anterior.
O volume exportado de açúcar avançou 21% para o recorde de 15,6 milhões de toneladas, e o volume de etanol somou 19,1 bilhões de litros, alta de 23%, considerando as vendas no Brasil e nos Estados Unidos.
A moagem de cana advinda das usinas sócias Copersucar chegou a 107 milhões de toneladas de cana em 2024/2025, 17% do total do Centro-Sul do Brasil, de 622 milhões de toneladas.
Resumo
- Grupos Pedra e Ipiranga, que somam 18,7% de participação na Copersucar, não renovarão contrato com a cooperativa a partir de 2027
- A saída dos grupos representa cerca de 6% do volume de açúcar e etanol comercializado pela companhia
- Copersucar reforça que seu modelo prevê entrada e saída de usinas e seguirá líder global no setor