A GTFoods é uma daquelas empresas que estão prontas para negociar ações em Bolsa, só aguardando pelo melhor momento para realizar o IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês).
Essa estrutura permite que a empresa faça “testes” no mercado com emissão de dívidas. Em outubro, a empresa deve colocar no mercado Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Em entrevista ao AgFeed, o diretor financeiro (CFO) da GTFoods, Carlos Eduardo de Grossi Pereira, afirma que o objetivo da companhia é captar não menos de R$ 100 milhões e não mais de R$ 150 milhões na operação.
“Vamos aguardar os desdobramentos sobre esse caso de doença de Newcastle que foi registrado no Rio Grande do Sul e também a reunião do comitê de rating, que hoje é classificado pela S&P, em setembro”, conta Pereira.
Deste total, o executivo revela que cerca de R$ 80 milhões serão direcionados para investimentos em automação nas duas plantas que exportam carne de frango para a China: a de Maringá, onde fica a sede da companhia, e em Paraíso do Norte, ambos municípios do Norte do Paraná.
“Esse investimento não vai aumentar a produção dessas unidades, mas vai servir para adequar a produção às demandas de corte do mercado chinês”, explica o CFO da GTFoods.
Outro objetivo da companhia é mudar o perfil atual da dívida e para isso serão direcionados os recursos que sobrarem do investimento nas duas unidades.
“Hoje, nós utilizamos muito o ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), que é uma operação de crédito de curto prazo. Nós vamos substituir essa linha pelos recursos que vamos captar com o CRA”, diz Pereira.
Atualmente, o prazo médio das dívidas da GTFoods é de 3,5 anos e, com a troca, essa média deve subir para cerca de 4 anos.
“Não é uma repactuação, é uma mudança de perfil. Hoje, nós temos entre 30% e 35% da nossa dívida representada por ACC. Vamos continuar fazendo, mas depois da emissão, vamos limitar essa exposição a essa linha de crédito a 20% do total”.
Teste para IPO
O CFO da GTFoods afirma que essa operação de CRA, que é a segunda emissão feita pela empresa no mercado de capitais, pode ser considerada um teste para um futuro IPO da companhia.
Mas esse movimento não deve acontecer no curto prazo. “Não teremos IPO da GTFoods antes do segundo semestre de 2026. Acreditamos que deve ser um processo mais para 2027”, afirma Pereira.
Ele ressalta que a empresa já divulga seus resultados com recorrência mensal e toda a estrutura de governança já está montada como se a GTFoods fosse uma empresa de capital aberto. “Inclusive a documentação exigida para emissão de dívida e de ações é muito parecida”.
A emissão de CRA vem em um momento que chega a ser dúbio, quando se trata da empresa. Enquanto lida com os impactos da suspensão da exportação de carne de frango para 44 países, determinada pelo governo federal, os números do primeiro semestre de 2024 são classificados como “excepcionais” pelo executivo.
“No caso da suspensão das exportações, temos informações de que existem negociações avançadas para restringir as medidas ao Rio Grande do Sul. E elas representam 8% do nosso volume”, diz Pereira.
Em relação aos números, a GTFoods fechou a primeira metade de 2024 com um crescimento de 17% no seu faturamento bruto, batendo R$ 2,2 bilhões. Isso aproxima a companhia de atingir a meta de R$ 4 bilhões de faturamento e R$ 440 milhões de Ebitda no ano, como adiantou o vice-presidente Vinícius Gonçalves em entrevista ao AgFeed em março.
Para o segundo semestre, Pereira espera um resultado “mais normal”. “Mesmo assim, nós devemos fechar o ano de 2024 com uma margem operacional de dois dígitos, mais próxima de 20%. Para 2025, também esperamos margem de dois dígitos, mas algo entre 10% e 12%”.