Um dos maiores produtores de óleo de palma do País, a Brasil BioFuels (BBF) obteve, no início de fevereiro, decisão favorável a um pedido de proteção da Justiça para suspender execuções e ações de cobrança de seus credores por 60 dias.

O prazo se encerra no princípio de abril e, nessa corrida contra o tempo, um dos caminhos adotados pela BBF para equacionar o endividamento, de mais de R$ 950 milhões, é a venda de ativos.

Um dos primeiros a ser negociado é uma planta inaugurada em 2022 para a extração de farelo e óleo de soja, usado na produção de biodiesel, localizada no município de Paragominas, no Pará. O comprador é o grupo gaúcho Oleoplan, que figura entre os maiores do País na produção de biodiesel, com participação de 9% no mercado nacional.

Segundo informações publicadas pelo jornalista Rikardy Tooge em sua página no LinkedIn, a unidade negociada tem capacidade para processar 4,8 mil toneladas de soja por mês. O fechamento da operação depende da aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a quem foi submetida na sexta-feira, 22 de março. O valor da transação não foi revelado.

Pioneira na produção de biodiesel no Rio Grande do Sul, a Oleoplan foi fundada em 1979 pela família Boff, de Veranópolis (RS). A primeira planta do grupo para produção do biocombustível foi inaugurada em 2007, no mesmo município.

Atualmente, a companhia tem operações em vários estados, inclusive no Norte e Nordeste. São mais de 20 filiais em todo o Brasil.

Segundo o site da empresa, possui capacidade de processar 3 mil toneladas de soja por dia, “com potencial para armazenar 500 mil toneladas e uma estrutura para produzir 1,44 bilhão de litros de biodiesel por ano”.

Em 2022, a empresa declara ter produzido 567 milhões de litros. A produção de biodiesel é feita em quatro unidades -- Veranópolis (RS), Iraquara (BA), Tomé-Açu (PA) e Cacoal (RO).

A receita da empresa em 2022 foi de R$ 5,87 bilhões naquele ano – os números de 2023 ainda não foram divugados pela companhia.

Com a planta de Paragominas, a empresa ampliaria sua presença no Pará, ondem em 2022, inaugurou uma indústria com capacidade instalada de 288 milhões de litros de biodiesel/ano, utilizando como principais matérias-primas o óleo de palma e sebo bovino.

A unidade, que contou com financiamento do governo estadual, recebeu investimentos superiores a R$ 185 milhões.

A produção de biodiesel a partir do óleo de soja tem uma participação pequena nos negócios da BBF, que tem perto de 80% de seus negócios baseados no óleo de palma.

Fundado em 2008, o grupo BBF atua com o cultivo da planta, bem como sua transformação em óleo, biotecnologia, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável.

Com expectativa por novos incentivos aos projetos de descarbonização da Amazônia, o CEO da empresa, Milton Steagall, disse ao AgFeed em junho passado que pretendia dobrar a área plantada com palma na região, onde controla 38 usinas para geração de bioenergia, sendo 25 já ativas e 13 em processo de implementação. Somadas, elas possuem uma capacidade de 86,8 megawatts (MW) em geração, que atendem 140 mil pessoas.

Até o fim deste ano, a perspectiva era aumentar em 174% essa geração, para 238 MW, quando todas as 13 novas usinas estariam, segundo Steagall, em pleno funcionamento.

Nessa área, porém, o BBF enfrenta outros desafios. Segundo reportagem publicada pelo site Capital Reset, a empresa corre o risco de perder a concessão para a operação de seis termelétricas no Pará. A empresa teria, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, descumprido cláusulas previstas no contrato de concessão, em que prometia converter o combustível usado nas usinas de diesel para biodiesel.