O sol não está nascendo com a mesma intensidade para as empresas do setor de fertilizantes no início de 2025. Enquanto algumas gigantes, como a americana Mosaic, começaram o ano com resultados positivos, outras, como a canadense Nutrien, enfrentam uma largada de ciclo já com números negativos.
A companhia apresentou o primeiro balanço do ano na quarta-feira, dia 7 de maio, trazendo dados enfraquecidos referentes ao primeiro trimestre de 2025. No período, o lucro líquido da Nutrien tombou 88% em relação ao mesmo período do ano passado, passando de US$ 165 milhões para US$ 19 milhões.
O Ebtida ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também retraiu, recuando de US$ 1,055 bilhão para US$ 852 milhões. A receita com vendas também recuou no período, passando de US$ 5,389 bilhões no primeiro trimestre de 2025 para US$ 5,100 bilhões agora, queda de 5%.
"Nossos lucros trimestrais são significativamente afetados pela sazonalidade dos nossos negócios e pelos preços de referência dos fertilizantes, que têm se mantido voláteis nos últimos dois anos, além de serem afetados pelas condições de oferta e demanda, pela acessibilidade financeira do produtor e pelo clima", disse a Nutrien no balanço.
Houve quedas em todos os segmentos. Nos fosfatados, houve a redução mais significativa, com a receita recuando 18%, de US$ 437 milhões no primeiro trimestre de 2024 para US$ 360 milhões agora. Já Ebtida ajustado teve retração de 50%, caindo de US$ 121 milhões para US$ 61 milhões. A Nutrien atribui o resultado a menores volumes de produção e maiores custos de insumos.
Na divisão de potássio, a receita com vendas recuou 8%, passando de US$ 813 milhões no começo de 2024 para US$ 744 milhões no mesmo período de 2025. O Ebtida ajustado da área foi de US$ 446 milhões, ante US$ 530 milhões no mesmo período do ano passado, queda de 16%. O resultado, segundo a Nutrien, está associado aos menores preços na América do Norte – que passaram de US$ 310 por tonelada para US$ 243 por tonelada.
Já na área de nitrogenados, houve um pequeno crescimento na receita com vendas, que subiu 5%, passando de US$ 911 milhões no primeiro trimestre de 2024 para US$ 954 milhões agora. O Ebtida ajustado, no entanto, recuou de US$ 464 milhões para US$ 408 milhões, sob efeito de custos mais altos de gás natural e lucros menores com ações da Profertil.
A receita com vendas no varejo, em contrapartida, também retraiu 7%, passando de US$ 3,308 milhões para US$ 3,090 milhões. O Ebtida ajustado recuou 40%, indo de US$ 77 milhões para US$ 46 milhões.
Apesar dos números enfraquecidos no começo de 2025, os resultados parecem não ter deixado abatido o CEO da companhia, Ken Seitz. "Os fundamentos do mercado global de fertilizantes se fortaleceram, apoiados pela crescente demanda e pela oferta restrita, proporcionando uma perspectiva positiva para nossos negócios em 2025", disse ele no comunicado junto com os números.
A Nutrien também trouxe projeções para o ano de 2025. A companhia espera que a demanda por insumos agrícolas nos Estados Unidos seja sustentada por mudanças na área cultivada ao longo de 2025, com aumento de soja e milho.
A companhia também citou o Brasil, dizendo que os preços da soja brasileira têm sido sustentados pela forte demanda internacional e que as margens favoráveis e a possibilidade de aumento de área plantada da oleaginosa devem sustentar a "forte" demanda brasileira por insumos agrícolas no segundo semestre deste ano.
Em fevereiro passado, a Nutrien passou a buscar um comprador para suas cinco fábricas de fertilizantes no Brasil. As negociações têm a participação da boutique de M&A Volt Partners e a ideia, na época, era fechar negócio ainda no primeiro semestre de 2025.
A intenção da companhia era conseguir pelo menos um prêmio em cima dos R$ 400 milhões investidos nos últimos anos pela empresa, que já chegou ao Brasil há pouco mais de cinco anos, em 2019. O negócio não deve incluir, no entanto, a rede de distribuição da empresa, que comprou diversas varejistas nos últimos anos.
No ano passado, a Nutrien já havia colocado operações na Argentina à venda e também sinalizou desinteresse em seguir operando no Uruguai e no Chile.
Resumo
- Nutrien teve queda de 88% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2025, com retração também no Ebitda e na receita.
- Todos os segmentos da empresa registraram queda, com destaque para a área de fosfatados, cujo Ebitda caiu 50%
- Apesar dos resultados, companhia mantém otimismo para o ano, citando fundamentos fortes no mercado global e expectativa de alta na demanda por insumos, especialmente no Brasil.