A Corteva entrou com uma ação no tribunal de Delaware, nos Estados Unidos, acusando a startup Inari Agriculture de “conspirar para roubar sementes de alta tecnologia da empresa”.

Segundo um comunicado oficial da empresa, o processo alega que a startup usou um agente terceirizado para obter sementes protegidas da gigante do agro, exportou ilegalmente para a Europa, fez pequenas modificações genéticas nas características biotecnológicas e agora está buscando patentes nos EUA para essas características modificadas.

Em um documento oficial publicado pela Corteva, a empresa afirma que a ação judicial “busca impedir que Inari continue seus esforços descarados para roubar o trabalho inovador da Corteva”.

“O roubo de tecnologia proprietária prejudica não apenas a nossa empresa, mas também, em última análise, os agricultores do nosso país”, disse o diretor de tecnologia da Corteva, Sam Eathington, num comunicado enviado ao AgFeed.

A Inari não é uma startup qualquer. Criada em 2016, foi fundada pela Flagship Pioneering – cujo ecossistema reúne mais de 45 empresas com tecnologia de ponta em biociências, como a farmacêutica Moderna, e as agtech Indigo e Invaio.

Com sede em Cambridge, Massachusetts, possui unidades em West Lafayette, Indiana, e na Bélgica. A empresa utiliza IA e tecnologia de edição genética multiplex para atender às necessidades do sistema alimentar. Dentre as culturas que atua estão soja, milho e trigo.

A proposta declarada é dar mais resistência às sementes frente às questões climáticas. Dentre os mais de 200 funcionários, estão ex-colaboradores da Bayer e da Syngenta.

Ao longo de várias séries de financiamento, já levantou US$ 475 milhões, com a última rodada no ano passado. Na última rodada, foi avaliada em US$ 1,5 bilhão.

A Inari atua em parcerias com outras companhias para usar as tecnologias de edição genética na melhoria das sementes produzidas por elas.

A questão é que a Corteva afirma nunca ter feito uma parceria com a Inari. A empresa alega que a Inari começou a roubar sua tecnologia em 2020, a partir de um depositário de sementes sem fins lucrativos chamado American Type Culture Collection (ATCC), que as disponibiliza para pesquisa.

No processo, alega que a Inari usou uma terceira empresa, distribuidora de sementes, para comprar da ATCC centenas de sementes proprietárias da Corteva e depois enviá-las para Inari, que as transferiu dos EUA para a Bélgica.

Segundo a Corteva, a “descoberta” se deu em 2021, durante uma videoconferência com o presidente da startup. No processo, é dito que a Inari ofereceu não vender certas sementes de milho contendo a tecnologia da Corteva, mas apenas se a gigante concordasse em pagar a Inari para usar os produtos de soja da startup, de acordo com o processo.

A Inari – que não se manifestou sobre o processo – não chegou a vender nenhum produto geneticamente editado a partir das sementes da Corteva, mas a empresa alega que a startup planeja comercializá-los.

A Corteva pede indenização e uma liminar permanente contra Inari. “Este processo visa impedir que a Inari continue com seus esforços descarados para roubar o trabalho inovador e protegido por patente da Corteva”, afirma a empresa.

“Estamos apresentando a ação em reconhecimento do fato de que tal roubo, se não for controlado, estabelecerá um precedente perigoso para a indústria: as inovações agrícolas requerem décadas de investigação e testes e centenas de milhões de dólares de investimento para serem trazidas ao mercado”, afirmou a Corteva em comunicado oficial.

A empresa alega que investe quase US$ 4 milhões todos os dias em pesquisa. Além disso, ressaltou que o tempo de desenvolvimento é longo, podendo ser maior do que 10 anos para um único produto.