Se em 2024 a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) bateu recordes históricos de faturamento, 2025 será o ano para superá-lo.

A cooperativa relatou receita de R$ 10,7 bilhões no ano passado, alta de 67% sobre 2023, e um resultado financeiro de R$ 394,4 milhões, com distribuição de R$ 134,4 milhões para os cooperados.

Com os preços do café em níveis recorde e sem perspectiva de redução, o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, avaliou que o faturamento deste ano será melhor do que o do ano passado.

“O ano será de faturamento maior, mas resultado ainda temos de aguardar, porque depende de outros fatores”, afirmou Melo.

Segundo o vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho, o “mercado invertido” - com os futuros do café na Bolsa de Nova York menores que os atuais e o custo financeiro alto - pode impactar no custo do produtor e da cooperativa. Com isso, os resultados, ou seja, o lucro da cooperativa, podem ser menores este ano.

Já a fotografia de comercialização de café e recebimento da commodity em 2025 deve ser a mesma de 2024, na avaliação dos líderes da Cooxupé.

A Cooxupé recebeu 6,1 milhões de sacas em 2024, das quais 4,9 milhões vieram dos cooperados e 1,2 milhão de terceiros. Para este ano, a captação esperada inicialmente é de até 6,2 milhões.

“O número desejado é de 5 milhões de sacas de cooperados e até 1,2 milhão de terceiros”, afirmou o presidente da Cooxupé.

Em 2024, a Cooxupé comercializou 6,6 milhões de sacas, um crescimento de 46% ante 2023. Deste montante, 5,1 milhões de sacas foram destinadas às exportações diretas, aumento de 41% em relação a 2023, e 1,5 milhão de sacas foram para o mercado interno e outros clientes exportadores.

O déficit de 500 mil sacas entre o captado e o comercializado em 2024 foi suprido pelos estoques da cooperativa, que estão nos níveis mais baixos da história.

O cenário deve mudar pouco para este ano, com os estoques também baixos, mas com uma possível reposição oriunda de uma exportação menor.

“Não vamos ter a mesma performance de embarques”, disse Melo, que estima uma venda externa abaixo de 5 milhões de sacas.

As exportações representam 80% das atividades da cooperativa, que atualmente envia o café para mais de 50 países, como Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, China, Argentina, Canadá, Japão, Suécia, entre outros.

Melo e Bachião Filho dizem que não há preocupação com os possíveis impactos da política internacional do presidente norte-americano, Donald Trump, nas importações de café pelos Estados Unidos.

Segundo eles, aquele mercado seguirá grande consumidor, pois se beneficia diretamente da commodity.

“Cada dólar de café que é gasto pelos Estados Unidos gera 43 dólares de café na economia local. Não seria inteligente ele (Trump) restringir as importações com tarifas pois qualquer ação que ele tome, impacta na economia”, afirmou o vice-presidente da Cooxupé.

“A demanda dos Estados Unidos existe, vai seguir normal, pois são grandes compradores do Brasil e não vai ter interrupção deles ou de nenhum país que seja”, completou o presidente da cooperativa.

Dados da cooperativa divulgados nesta sexta-feira, 28 de março, apontam ainda que, no ano passado, a Cooxupé investiu R$ 91,3 milhões em obras, reformas e ampliações e, ainda, nas áreas de informática, inovação tecnológica, conhecimento, desenvolvimento e robotização. A indústria torrefadora produziu 13,74 milhões de quilos de café.

A agricultura familiar representa a maioria dos cooperados. Em 2024, considerando o recebimento de café, 97,4% dos cafeicultores associados são mini e pequenos produtores. Já os médios, grandes e mega representam 2,7% desse universo.