Um dos indicadores mais sensíveis para qualquer segmento empresarial é a margem de lucro. É ele que mostra o quanto uma companhia é capaz de equilibrar bem as receitas e as despesas, para chegar ao grande objetivo, que é o lucro.

As empresas do agronegócio tiveram problemas com margens no último trimestre de 2023. E a Lavoro, empresa brasileira de distribuição de insumos agrícolas que tem ações listadas na bolsa Nasdaq, nos Estados Unidos, não fugiu a essa tendência.

Com a margem Ebitda caindo praticamente pela metade na comparação anual, a Lavoro registrou uma queda de 95% em seu lucro líquido no segundo trimestre do ano fiscal de 2024, que corresponde ao período entre outubro e dezembro de 2023.

A margem bruta, medida antes do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) caiu do patamar de 20% para pouco menos de 17%.

Neste indicador, a maior influência é mesmo nas condições de preços dos insumos vendidos pela Lavoro tanto no Brasil quanto na América Latina. No geral, o faturamento ficou praticamente estável em US$ 618 milhões, ou pouco mais de R$ 3 bilhões. Com os preços menores, a margem bruta recua.

No entanto, outros fatores tiveram peso para que a margem Ebitda saísse de quase 13% no segundo trimestre do ano fiscal de 2023 para 6,5% no mesmo período do ano fiscal de 2024.

O próprio Ebitda também caiu pela metade na comparação anual, para pouco mais de US$ 40 milhões. Segundo a Lavoro, essa queda é justificada em parte pelas maiores despesas com pessoal, com a contratação de técnicos de campo que ainda vão ter impacto nas vendas.

Mas a outra justificativa, talvez mais preocupante, é de que a companhia elevou suas provisões para prevenir futuras perdas com inadimplência. A Lavoro não detalha os valores direcionados para este fim.

Com todo este cenário, o lucro líquido da Lavoro caiu de US$ 35 milhões no segundo trimestre fiscal de 2023 para menos de US$ 2 milhões no mesmo período de 2024, queda de 95%. Na conversão cambial, o lucro ficou em pouco mais de R$ 9 milhões, ante R$ 186 milhões de um ano antes.

No acumulado do primeiro semestre da safra 23/24, a companhia registra prejuízo de US$ 12,6 milhões, ante lucro superior a US$ 50 milhões no período anterior.

A distribuição de insumos no Brasil é responsável por 85% das receitas apuradas pela Lavoro, e no segundo trimestre da safra, registrou uma queda de 27% no lucro bruto. Na América Latina, a queda foi de 14%.

As receitas no Brasil ficaram praticamente estáveis, mesmo com o volume de vendas crescendo bastante. Em defensivos, o avanço foi de 46% em volume, e em fertilizantes, de 63%.

A Lavoro destaca a categoria sementes como a mais problemática no segundo trimestre da safra 23/24. Houve um aumento de 3% no volume, mas os preços caíram 11%, “prejudicados pela mudança no tempo de decisão sobre plantio pelos produtores”.

O destaque positivo do balanço da Lavoro ficou com o segmento chamado de “Crop Care”, que é a produção própria de insumos agrícolas. Apesar de ter uma participação pequena no faturamento total, a área teve avanço de 26% nas receitas, de 21% no lucro bruto e de 8% no Ebitda.

A categoria de fertilizantes especiais foi a que mais contribuiu, com avanço de 55% nas receitas.

A compra da Cromo Química, que foi finalizada em junho do ano passado, já aparece nos resultados, já que as vendas dobraram após a inserção dos adjuvantes e melhoradores de desempenho fabricados pela companhia na rede da Lavoro.

Ainda dentro do segmento, o ponto negativo foi para a venda de biológicos, que recuou 19% em um ano.