A seca histórica, somada às queimadas em canaviais paulistas em 2024, não foi suficiente para abalar a fortaleza dos resultados da Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do Brasil.
A companhia fechou o ano safra 2024/2025 com um lucro líquido 43% maior e uma receita 15% superior ao anotado na temporada anterior.
Em coletiva realizada na tarde desta terça-feira, 17 de junho, com jornalistas, a empresa informou que fechou o período iniciado em abril de 2024 e terminado em março de 2025 com uma receita líquida de R$ 62,3 bilhões e com um resultado líquido de R$ 402 milhões.
Thiago Struminski, CFO da Copersucar, pontuou que o crescimento do volume de exportação de açúcar, que avançou 21% em um ano e alcançou o patamar de maior volume de vendas do produto na história, foi o grande responsável pelo resultado.
Das 16 milhões de toneladas do adoçante vendidas, 14 foram para fora do País. No etanol. a comercialização ficou em 19 bilhões de litros, considerando vendas no Brasil e nos Estados Unidos.
A companhia não entra no detalhe da composição da receita, mas Struminski disse que o açúcar foi mais rentável do que o etanol no ano.
A venda de açúcar para o exterior é feita a partir da trading Alvean e, segundo a direção, aproveitou o bom momento da commodity. Tomás Manzano, CEO da empresa, afirmou que o Brasil hoje representa 80% do mercado global de açúcar.
O patamar foi atingido por conta da redução de produção em alguns países como a Índia, que possui programas de produção de etanol, além de Tailândia e nações europeias.
“A Alvean esteve presente nos canais de distribuição e foi bem sucedida na missão de aproveitar seu papel de conectar origens com destinos. Projetamos aumentar o volume ainda mais esse ano”, disse.
Apesar disso, o preço do açúcar não vive os mesmos patamares do que no segundo semestre do ano passado. Segundo dados do Cepea/Esalq, em novembro de 2024 a saca de 60 quilos do açúcar cristal branco em São Paulo bateu R$ 166. Atualmente, negocia próxima dos R$ 130.
Manzano acredita que, mesmo assim, o mercado ainda vive um patamar baixíssimo de estoque e que a volatilidade às vezes encontra exageros no mercado. “Hoje não vemos fundamento para o preço fazer um papel de desestímulo à produção”, citou.
Na safra 2024/2025, a Copersucar enfrentou um problema no índice de pureza do açúcar, o que, segundo o CEO, Tomás Manzano, acabou limitando o mix de produção. “Para essa safra, começamos com uma cana de qualidade melhor, e observamos no campo a moagem de maio e junho, uma pureza melhor. Estimamos que o mix para a safra 2025/2026 pode superar os 51% no açúcar”, disse o executivo.
Manzano ressaltou que a Copersucar foi menos afetada do que a média do mercado por problemas climáticos. A quebra na empresa foi de 2,7%, enquanto a média da região Centro-Sul foi de 4,9%.
A moagem total da região foi de 622 milhões de toneladas na safra, sendo 107 milhões advindas da Copersucar.
“A safra foi desafiadora, com um mercado volátil, cenário macro com taxa de juros e desvalorização cambial, além da maior seca prolongada que já se tem notícia combinada com queimadas. Apesar disso, o portfólio se mostrou resiliente e apresentamos o terceiro maior ano da Copersucar S.A., que foi estabelecida na safra 2009/10”, disse o CEO.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da empresa atingiu R$ 1,1 bilhão, alta de 13,8% em um ano. Manzano atribuiu os bons números, além da exportação, ao ecossistema que a empresa criou, com suas subsidiárias internacionais e mercados além do açúcar e etanol.
Além da Alvean, trading responsável pela exportação, a companhia destacou que a operação da Evolua, joint-venture que possui junto com a Vibra, trouxe um retorno sobre capital de mais de 40%.
“Nos Estados Unidos, ainda crescemos nossa plataforma de etanol, a Eco-Energy, expandindo os contratos de longo prazo”, acrescentou Manzano. Por lá, a empresa recém iniciou uma plataforma de certificação de créditos de carbono.
A iniciativa, batizada de Transport Emission Reduction Certificate (TERC), antes abarcava apenas a produção de etanol e agora passou a incluir certificados relacionados à produção de biodiesel e diesel renovável.
O projeto da companhia norte-americana lembra o programa brasileiro RenovaBio, no qual a Copersucar é uma das principais participantes. Na iniciativa nacional, a Copersucar comercializou 6 milhões de CBIOs na última safra.
Na logística, a Copersucar destacou que houve um recorde histórico no transporte. “O mundo precisava de açúcar brasileiro e nossos ativos operaram em plena capacidade. Apresentamos o menor tempo de carregamento de navios até o Porto de Santos, nos modais rodoviário e ferroviário”, comentou o CEO.
Manzano ainda ressaltou o bom desempenho do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), do qual a Copersucar é o maior acionista, com 24% do capital, e também mencionou o lançamento da NewCom, comercializadora de energia elétrica do grupo Comerc, que tem a Vibra como sócia.
Na safra, a Copersucar menciona que gerou 6,7 mil GWh (gigawatts/hora) de energia elétrica originada de biomassa da operação de cana.
Thiago Struminski, CFO da empresa, citou que foram investidos R$ 246 milhões ao longo do ano, mais do que o dobro do que na temporada 2023/2024, e que o destaque do montante veio da NewCom. “Entramos em comercialização de energia elétrica e renovável”, disse.
Apesar de não detalhar os números, Struminski disse que a empresa continua numa trajetória de redução da dívida bruta, a fim de diminuir sua exposição a um ambiente de juros mais altos.
“Durante a safra, conseguimos não só alongar as dívidas como também diminuir custo das novas contratações. Nos últimos 16 anos, investimos R$ 8 bilhões para formar esse portfólio de negócios, que geram caixa de forma consistente”, disse o CFO.
Resumo
- Copersucar teve lucro líquido de R$ 402 milhões na safra 2024/25, alta de 43%, impulsionada por exportações recordes de 14 milhões de toneladas de açúcar.
- A companhia investiu R$ 246 milhões, dobrou o montante do ano anterior e destacou a estreia na comercialização de energia elétrica renovável com a NewCom.
- Mesmo com queda de preço no açúcar, empresa aposta em baixa nos estoques globais e qualidade da cana para ampliar mix de produção no ciclo 2025/26.