A Klabin deu mais um passo no projeto Caetê, para produzir madeira própria no Paraná, ao confirmar nesta terça-feira a assinatura do contrato de compra de ativos florestais da Arauco.
Em comunicado ao mercado, a companhia informou a conclusão da compra total dos ativos da Arauco Florestal Arapoti, Arauco Forest Brasil e da Empreendimentos Florestais Santa Cruz, incluindo também a aquisição de 49% da empresa Florestal Vale do Corisco.
O investimento de US$ 1,1 bilhão, equivalente a R$ 5,8 bilhões à época do anúncio, em dezembro de 2023, foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os acionistas da companhia de papel e celulose aprovaram a compra em 16 de abril.
A aquisição de 150 mil hectares da empresa chilena faz parte do projeto que garantirá a autossuficiência florestal da Klabin no Paraná, segundo a empresa, além de concluir a expansão projetada na região. Antes, a companhia brasileira esperava ter esse mercado em seis anos.
Desse total adquirido, 85 mil hectares são de áreas florestais produtivas e incluem 31,5 milhões de toneladas de madeira em pé, além de máquinas e equipamentos florestais.
Aprovação do mercado
O anúncio da aquisição dos ativos florestais da Arauco foi visto com bons olhos pelo mercado financeiro. À época, o head de papel e celulose da XP, Lucas Laghi, avaliou que o negócio geraria valor à Klabin, destacando três pontos. O primeiro seria a aceleração do fornecimento de madeira própria, o que reduziria as necessidades de investimentos nos próximos anos, uma das principais preocupações de investidores.
Laghi pontuou que a operação resultaria na monetização do excesso de terra após a colheita da madeira e na redução dos custos, com a otimização logística.
Além disso, a Klabin poderia vender em torno de 60 mil hectares a partir de 2025. Considerando um preço base de R$ 60 mil por hectare, a XP estimou que a companhia poderia arrecadar R$ 3,6 bilhões em vendas.
Por outro lado, Laghi ponderou que a operação aumentaria a sua alavancagem. “Com a empresa desalavancando progressivamente entre 2026 e 2027, esperamos que ela atinja os mesmos níveis de alavancagem de 2,7 vezes que tínhamos antes do projeto”, disse o analista em relatório publicado em dezembro.
No mês passado analistas da XP, após um encontro com executivos da Klabin, afirmaram em relatório que “a redução de custos por meio da aquisição do Caetê (com uma combinação de otimização de Capex, venda de excedentes de terra e redução de custos de madeira) e perspectivas positivas para os mercados de celulose, papel e embalagens abrem caminho para um 2024 e 2025 lucrativos” para a Klabin. Ainda assim, mantiveram recomendação neutra para os papéis da companhia.
A Klabin encerrou o primeiro trimestre deste ano com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 1,65 bilhão, queda de 15% na comparação com o registrado no mesmo período de 2023. Diante disso, a alavancagem de janeiro a março, medida pela dívida líquida em relação ao Ebitda ajustado em dólar, foi de 3,5 vezes ao fim de março.
A companhia deve divulgar os resultados financeiros do segundo trimestre em 30 de julho.