A pista veio com um documento protocolado nesta quinta-feira, 12 de junho, pela gigante das commodities Bunge. Nele, a companhia anuncia novo adiamento, de 13 de junho para 3 de julho, do vencimento de uma proposta feita em setembro do ano passado para assumir cerca de US$ 2 bilhões em dívidas da Viterra, trading canadense em processo de aquisição, da suíça Glencore, por US$ 18 bilhões.
A informação pode ser lida com duas diferentes conclusões. A primeira, seria a da frustração por ainda não ter concluído a compra da Viterra, anunciada em junho de 2023, com previsão de ser eftivada até junho de 2024. Hoje, um ano depois desse prazo, a Bunge não conseguiu sinal verde das autoridades regulatórias chinesas para a incorporação, etapa considerada fundamental para o fechamento do negócio.
A segunda visão seria a da expectativa. Ao prorrogar o vencimento da proposta por apenas 20 dias, a Bunge poderia estar indicando que essa última pendência estaria próxima de ser resolvida.
Em ocasiões anteriores em que essa mesma operação havia sido postergada, o tempo de dilatação do prazo havia sido superior a um mês.
Essa perspectiva é dada em uma reportagem publicada, também nesta quinta-feira, pela agência Bloomberg. Citando fontes “familiarizadas com o assunto”, mas não identificadas, o texto diz que a Bunge “está perto de receber uma decisão das autoridades antitruste chinesas” a respeito da análise da aquisição.
A reportagem não deixa claro se a decisão seria ou não favorável à conclusão do negócio, nem se haveria a imposição de condições para que a aprovação fosse feita. O aval chinês é o último necessário entre os principais mercados de atuação da Bunge.
Cita, entretanto, que as fontes de Bunge e Viterra “agradeceram às autoridades chinesas pelo diálogo construtivo durante todo o processo de revisão”, o que pode ser um bom indicativo.
A Bloomberg informa não ter recebido resposta do Ministério do Comércio da China e da Administração Estatal para Regulamentação do Mercado ao seu pedido de informações.
Nas últimas semanas, a tensão na companhia, listada nos Estados Unidos, havia aumentado em função dos impasses nas negociações comerciais entre as administração de Donald Trump e Xi Jinping em torno de tarifas de importação.
O acirramento da guerra comercial entre os dois países teria contribuído para que a análise da compra da Viterra ficasse emperrada na China.
Mas nos últimos dias, com a iminência de um acordo bilateral, teria havido sinalizações de Pequim de que uma decisão estaria próxima.
A companhia já conseguiu respostas positivas de Estados Unidos, União Europeia, Brasil e Canadá (com condições).
Outro país ainda pendente é a Argentina, mas que não é considerado um entrave porque as leis do país permitem que eventuais ajustes indicados pelas autoridades locais sejam feitos após a conclusão da transação.
Resumo
- Em setembro do ano passado, a Bunge havia anunciado que assumiria US$ 2 bi em dívidas da Viterra, dentro do processo de aquisição
- O prazo para a troca da dívida se encerraria em 13 de junho, mas empresa decidiu adiar por mais 20 dias, até 3 de julho
- Companhia aguarda sinal verde das autoridades para finalizar a aquisição e há indícios de que uma decisão pode sair em alguns dias