Com vendas e preços em baixa, e sem muita ajuda do câmbio desta vez, a gigante química alemã Basf, uma das maiores produtoras de insumos e defensivos agrícolas do mundo, viu seus resultados tombarem no terceiro trimestre deste ano.

O lucro líquido da companhia alemã recuou 40% entre julho e setembro deste ano, com o resultado chegando a 172 milhões de euros (R$ 1,075 bilhão, na cotação do dia), ante 287 milhões de euros (R$ 1,793 bilhão) há um ano.

O Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) antes de itens especiais retraiu 4,8%, passando a 1,54 bilhão de euros (R$ 9,6 bilhões).

O resultado foi impactado negativamente por uma queda generalizada nas vendas, que recuaram 3,2% no período, passando de 15,7 bilhões de euros (R$ 98,1 bilhões) para 15,2 bilhões de euros (R$ 95 bilhões).

“O comportamento de compra dos clientes em quase todos os setores e regiões permaneceu cauteloso”, comentou Markus Kamieth, CEO da Basf.

A área de soluções agrícolas teve recuo de 5,4% em suas vendas, passando de 1,8 bilhão de euros (R$ 11,2 bilhões) há um ano para 1,7 bilhão de euros (R$ 10,6 bilhões) agora, ainda que o Ebitda da área tenha crescido 63,3% no período, subindo de 49 milhões de euros (R$ 306 milhões) para 80 milhões de euros (R$ 500 milhões).

O resultado foi impactado negativamente também por queda de 1,3% nos preços no período e de 3,5% nas moedas internacionais.

Houve recuo em todos os sub-segmentos, com destaque para a retração de 15,1% nas vendas de sementes. Também houve quedas na comercialização de herbicidas (-7,9%), tratamento de sementes (-7,4%) e de produtos com fungicidas em geral (-0,9%). Em contrapartida, houve aumento de 1,4% nas vendas de inseticidas.

Na Europa, houve uma redução significativa no volume de vendas, consequência de compras antecipadas e de um ambiente de mercado ainda desafiador, especialmente na Turquia, somado a condições climáticas piores em todo o continente europeu. Os preços mais baixos anularam os eventuais efeitos positivos do câmbio, informou a Basf.

Na América do Norte, as vendas também caíram de forma expressiva, influenciadas principalmente pela diminuição dos volumes e dos preços. As flutuações cambiais, em especial do dólar americano - tiveram efeito negativo adicional, e o bom desempenho do herbicida glufosinato p-amônio apenas compensou parcialmente as perdas, segundo acompananhia.

Na Ásia, as vendas ficaram bem abaixo do registrado no mesmo trimestre do ano anterior, afetadas pelos efeitos cambiais negativos, sobretudo da rupia indiana. Tanto o volume quanto os preços apresentaram leve retração.

Já na região que engloba América do Sul, África e Oriente Médio, as vendas cresceram de forma significativa, impulsionadas por maiores volumes e preços. Os efeitos cambiais negativos, especialmente do real brasileiro, tiveram apenas um impacto compensatório moderado.

Os resultados como um todo vieram melhor do que o esperado - principalmente pelo desempenho do volume de vendas de produtos químicos. Com isso, os investidores da companhia reagiram bem aos números – e também à notícia divulgada ainda na terça-feira de que a Basf anteciparia um programa de recompra de ações previamente anunciado, graças aos recursos obtidos com a venda de ativos.

Assim, às 9h55 (horário de Brasília) desta quarta-feira, dia 29 de fevereiro, as ações da companhia subiam 1,98% na Bolsa de Frankfurt. No início do pregão, chegaram a subir 3%, segundo a agência de notícias Reuters.

Os investidores da bolsa alemã já tinham apreciado uma outra notícia envolvendo a Basf neste mês. Em seu Capital Markets Day, evento em que reúne investidores, acionistas e o mercado, a companhia detalhou os próximos passos da estratégia batizada de “Caminhos Vencedores” e trouxe mensagens que mexeram com o mercado.

O ponto de maior atenção foi o anúncio de que a divisão agrícola, responsável por 9,8 bilhões de euros (em torno de R$ 60 bilhões, pelo câmbio atual), em vendas em 2024, deve estar pronta para um IPO em 2027.

A preparação já está em curso, segundo a Basf, que citou que está “atualmente fazendo um bom progresso na execução da separação da entidade legal e na implementação de um sistema ERP específico do setor”.

O mercado olha com atenção essa movimentação porque acredita que a Basf pode capturar valor em uma unidade estratégica, mas que ao mesmo tempo é intensiva em capital, sem abrir mão do controle. O movimento vem acompanhado de um plano de desalavancagem e retorno ao acionista mais agressivo.

Resumo

  • O lucro líquido da Basf encolheu 40% no terceiro trimestre, com vendas, preços e câmbio influenciando negativamente o resultado da companhia alemã
  • Mesmo com o Ebitda da divisão agrícola em alta, a área apresentou queda nas vendas no período, com desempenho fraco em praticamente todos os subsegmentos
  • Na Bolsa de Frankfurt, investidores consideraram que os resultados vieram melhor do que o esperado, e a ação chegou a subir 3%