Maior cooperativa agrícola do País em número de associados, a Coopercitrus, com sede em Bebedouro (SP), é a parceira dos sonhos para quem comercializa insumos e equipamentos agrícolas. Com 65 lojas e mais de 39 mil associados em três estados (São Paulo, Goiás e Minas Gerais), é uma potência agroindustrial que fatura R$ 9 bilhões por ano e uma das maiores revendedoras de máquinas agrícolas do Brasil.
Não por acaso, a companhia austríaca Bauer comemorou esta semana a assinatura de um acordo estratégico com a cooperativa. A partir de agora, a empresa terá exclusividade no fornecimento de equipamentos e tecnologias de irrigação através dos canais de venda da Coopercitrus.
Parcerias como essa devem fazer deste ano um marco para o grupo europeu. Se é comum o Brasil estar entre os principais mercados de empresas multinacionais do agronegócio, superar o país de origem não acontece sempre, principalmente com companhias europeias ou dos Estados Unidos.
Mas é o que deve acontecer com a Bauer do Brasil. A fabricante de equipamentos para irrigação, afirma que, se o câmbio ajudar, a subsidiária se tornará a primeira colocada do ranking global da companhia austríaca em faturamento ainda em 2023.
“A Bauer tem um faturamento anual global de 250 milhões de euros, e o Brasil responde por 30% desse total”, diz Rodrigo Parada, co-CEO da Bauer do Brasil – ele divide o comando da empresa no País com o executivo Luiz Roque.
“A empresa tem unidades em seis países, mas vende em cerca de 100. Hoje temos a segunda maior participação em receitas, muito perto da liderança. Dependemos mais do câmbio”.
Depois de anos investindo na capacidade de produção e armazenamento na fábrica em São João da Boa Vista (SP) – para onde foi parte dos mais de R$ 100 milhões aplicados no País –, a estratégia de ampliar os canais de acesso ao agricultor tem sido bem sucedida.
Parada conta que o faturamento da Bauer no Brasil cresceu 10 vezes nos últimos três anos. Este ano o crescimento deve diminuir o ritmo, principalmente por conta do primeiro semestre.
“Tivemos um aumento de 30% no faturamento durante o primeiro semestre”, diz o executivo. O número é expressivo, mas aquém das taxas verificadas nos anos anteriores. Por isso, ele emenda rápido: “Mas já sentimos uma retomada depois do anúncio do Plano Safra. Os preços dos grãos caíram, os juros subiram. Mas já temos muitas vendas fechadas, só esperando a liberação de recursos do Proirriga (programa do governo para financiar irrigação)”, diz o executivo.]
Em 2021, a fabricante estava presente em 25 lojas. No ano passado, este número dobrou. A meta para este era novamente dobrar, chegando a 100 revendas. “Mas já estamos em 95, então agora esperamos chegar a 130 revendas até o fim do ano”, conta Parada. O acordo com a Coopercitrus acelerou o ritmo.
A diversificação é outra aposta da Bauer do Brasil. Hoje, segundo Parada, cerca de 95% das vendas da empresa são de pivôs de irrigação. “Globalmente, essa participação é de 60%. Temos também o sistema de carretel e o separador de resíduos. Queremos vender mais destes itens”.
Para Luiz Roque, o outro co-CEO, a infraestrutura de energia é o grande obstáculo que o segmento precisa superar para ampliar a área irrigada no país. Por esse motivo, o grupo austríaco tem investido em buscar maneiras de ajudar o agricultor a controná-lo.
Roque afirma que o Brasil tem uma área potencial de 13 milhões de hectares que já poderiam ter irrigação. “O sistema de transmissão de energia não será capaz de suprir essa demanda. São áreas com poucos consumidores, não haverá um plano de expansão pelas empresas do setor”.
Roque também é presidente da Irricontrol, empresa controlada pela Bauer que atua com tecnologia voltada para irrigação.
Ele conta que a aposta da Irricontrol se concentra em oferecer alternativas que permitam uma geração híbrida de energia nas propriedades rurais, com painel solar, bateria e gerador a diesel.
“Nós temos parcerias para levar aos produtores soluções de energia, especialmente para aqueles que estão fora do sistema de transmissão, ou off grid”, diz o executivoA Bauer tem uma parceria com a empresa Micropower para oferecer esse sistema híbrido.
"O grande diferencial da nossa solução é o software de gerenciamento de energia (EMS), que integra várias fontes geradoras e proporciona maior eficiência energética por meio de seu armazenamento em baterias”, explica o CEO da Micropower, Sergio Jacobsen.
Segundo Parada, com a bateria o produtor rural pode ter uma redução de até 50% no consumo de diesel. “Tivemos o primeiro sistema instalado na Bahia, no final do ano passado. O gerador a diesel só é ligado quando necessário, e a bateria é carregada por energia solar”.
Além disso, afirma Roque, um dos serviços oferecidos pela Irricontrol é fazer o manejo de todo o sistema de irrigação, inclusive para economizar água.
A empresa lançou também um sistema anti-furto, com monitoramento via satélite. “Tudo para que a irrigação funcione 24 horas por dia. A cada milímetro a menos de irrigação em uma cultura de milho, se perde 1 saca por hectare”, diz Roque.