Após registrar uma queda de quase 80% em seu lucro líquido no terceiro trimestre deste ano, puxada principalmente pela retração do mercado de máquinas agrícolas – o que também levou a uma revisão para baixo das projeções de lucro do ano –, a CNH Industrial, dona das marcas Case IH e New Holland, viu suas ações despencarem na Bolsa de Nova York nesta sexta-feira, dia 7 de novembro.
Por volta das 13h, os papéis da fabricante de máquinas agrícolas recuavam 6,09% no pregão nova-iorquino. No ano, a companhia acumula queda de 17%.
A CNHi apresentou um lucro líquido de apenas US$ 67 milhões entre julho e setembro, queda de 78% na comparação com o mesmo período de 2024.
A receita consolidada recuou 5%, para US$ 4,4 bilhões, refletindo sobretudo a retração de 7% na divisão industrial, que somou US$ 3,7 bilhões.
Enquanto que a área de máquinas de construção apresentou alta de receitas, a divisão de máquinas agrícolas puxou os números para baixo.
As vendas desse segmento caíram 10%, passando de US$ 3,3 bilhões para US$ 2,9 bilhões, impactadas pela menor demanda na América do Norte e pela redução dos estoques nos canais de distribuição, segundo a CNHi.
Parte das perdas foi compensada por preços líquidos mais favoráveis e pela melhora na demanda na região que engloba Europa Oriental, Oriente Médio e África (EMEA).
Na América do Norte, o volume de tratores com até 140 cavalos ficou estável, enquanto o de máquinas mais potentes caiu 14%. Na região EMEA, a demanda por tratores recuou 2%, mas as vendas de colheitadeiras cresceram 19%.
Já na América do Sul, houve retração de 4% em tratores e de 15% em colheitadeiras. Na Ásia-Pacífico, o movimento foi misto: alta de 19% em tratores e queda de 20% na demanda combinada.
O Ebit ajustado caiu para US$ 137 milhões, ante US$ 336 milhões um ano antes, refletindo menor volume de remessas, custos tarifários e composição geográfica desfavorável, além de despesas maiores com vendas e administração (SG&A), ainda que parcialmente compensados pela realização de preços líquidos favoráveis e pela redução nos custos de produção e garantia.
A margem Ebit ajustada ficou em 4,6% no terceiro trimestre deste ano, ante 10,2% no mesmo período do ano passado.
A empresa continua prevendo que as vendas globais no varejo em 2025 serão menores tanto no mercado de máquinas agrícolas, como também de construção.
A CNHi disse ainda segue concentrando esforços em reduzir o excesso de estoques nos canais de distribuição, produzindo menos unidades do que o nível de demanda do varejo, movimento que, por consequência, deve resultar em vendas líquidas menores no ano.
De acordo com a companhia, níveis mais baixos de produção e vendas devem impactar negativamente as margens do segmento industrial.
Ainda assim, a CNHi aposta que o avanço de seus programas de redução de custos operacionais ajudará a conter parte dessa pressão
Entre as prioridades estão a adoção de princípios de manufatura enxuta, o fortalecimento do fornecimento estratégico e a gestão rigorosa das despesas com vendas, gerais, administrativas e P&D.
“Embora o atual cenário comercial continue desafiador para nossos agricultores e construtores, a CNH continua tomando medidas decisivas para superar os obstáculos de curto prazo. Estamos mantendo níveis de produção disciplinados, reduzindo os estoques nos canais de distribuição, investindo em tecnologia, e impulsionando a excelência operacional”, disse o CEO da CNH Industrial, Gerrit Marx, no release de resultados da companhia.
“Olhando para o futuro, continuamos focados em alcançar nossas metas estratégicas de longo prazo. Estou confiante de que as medidas que estamos tomando posicionarão a CNH para um crescimento e sucesso renovados à medida que as condições de mercado melhorarem.”
Assim, com base nesses resultados, a CNHi atualizou suas projeções para 2025. A companhia agora prevê que seu lucro ajustado para 2025 ficará entre 44 e 50 centavos de dólar por ação – menor, portanto, que a previsão anterior, de 50 a 70 centavos de dólar por ação.
A empresa também alterou sua expectativa para vendas do segmento agrícola, agora esperando queda entre 11% e 13% na comercialização - no trimestre anterior, a faixa era maior, com a possibilidade de queda entre 12% e 20%.
A companhia fez ainda alterações na projeção para a margem EBIT ajustada, que passou de 7% a 9% no trimestre passado para uma faixa mais estreita, variando entre 5,7% e 6,2%, sem efeitos cambiais.
Resumo
- CNH Industrial teve lucro de US$ 67 milhões no 3º trimestre, queda de 78%, com retração de 10% nas vendas agrícolas
- A companhia revisou para baixo suas projeções de lucro e vendas para 2025, refletindo menor demanda global por máquinas
- Ações caíram mais de 6% em Nova York, enquanto a empresa aposta em corte de custos e manufatura enxuta para reagir