A partir desta terça-feira, 24 de junho, a marca AgroGalaxy vai começar a deixar de ser vista nas 65 lojas do grupo de distribuição de insumos controlado pela gestora Aqua Capital.

Em seu lugar, nas fachadas, veículos e em toda a comunicação visual dessas revendas serão “ressuscitadas” as antigas bandeiras de redes adquiridas no início da década pela companhia e que foram mantidas longe dos olhos do público nos últimos anos.

Agro100 na região Sul, AgroCat e Rural Brasil no Cerrado passam a reviver em uma nova estratégia da AgroGalaxy para, nas palavras de Eron Martins, CEO da empresa, resgatar “a identidade muito grande do produtor com as marcas que nos originaram”.

O movimento é um cavalo de pau na abordagem de marcas que a companhia vem usando desde 2020, quando a identidade AgroGalaxy foi criada justamente para dar uma cara única ao processo de consolidação das aquisições feitas pela companhia.

Esse processo foi iniciado em 2016, com a compra justamente da Agro100, com sede em Londrina (PR) e da Rural Brasil, de Goiânia, duas das marcas que voltam a ser exibidas pelo grupo – o próprio Martins, para a conversa com o AgFeed sobre o tema, trocou a tradicional camiseta do AgroGalaxy por outra em que aparecem quatro logotipos (além das três redes de revendas, também aparecia a da Sementes Campeã, pertencente ao grupo).

Cinco anos depois de sua criação, a marca AgroGalaxy exibe claros sinais de desgaste. A rede, que já teve mais de 140 lojas, reduziu drasticamente de tamanho e, corroída por dívidas de cerca de R$ 4 bilhões, protagonizou o caso de recuperação judicial que simboliza as dificuldades do agronegócio brasileiro nos últimos anos.

Na entrevista, Martins tentou evitar a associação desse desgaste junto aos produtores com a decisão, tomada menos de um mês depois da homologação do seu plano de recuperação judicial pela Justiça de Goiás.

“A gente aprendeu que, estando em nove estados do País, precisa e deve atuar de maneira regionalizada”, justificou. “Quando você entende a necessidade de um produtor do Mato Grosso, ela é bem diferente da necessidade de um produtor que está no sul do Brasil, assim como no Maranhão e no Tocantins”.

Segundo ele, uma pesquisa realizada pela empresa junto a seus clientes mostrou que, apesar de terem deixado de ser exibidas, as marcas originais continuaram a ser referência em suas regiões.

“Eu não diria que é um desgaste. É muito mais aproveitar a virtude que essas marcas têm nesse momento de novo ambiente da AgroGalaxy. Quando eu vou em Londrina, o taxista vai me perguntar se eu estou indo lá na Agro100. Então, por que não aproveitar isso, que é um ativo super rico que a gente tem, nessa nova fase?”, disse.

Martins afirma que quer resgatar a cultura da “revenda do cafezinho às sete da manhã, ou chimarrão em alguma das regiões, onde o produtor sentava, entendia como estava o mercado, entendia como estava o clima, aproveitava para fazer um negócio e, às vezes, antes das nove da manhã, ele já saía com a caminhonete levando algum produto”.

Ao mesmo tempo, garante que, apesar da virada no branding, não haverá nenhuma mudança na estratégia comercial do grupo definida ao longo do processo de RJ.

Segundo ele, a empresa continua focada em vender produtos de maior valor agregado e buscando controle em indicadores de eficiência.

Martins também assegura que não haverá novos fechamentos de lojas ou demissões.

“Não é isso que a gente está buscando. O que a gente está buscando aqui é justamente fechar esse ciclo, dando essa identidade nova, falando o idioma de cada uma das regiões com essa bandeira que a gente entende e nos representa”.

A grife AgroGalaxy será mantida em toda comunicação institucional e com o mercado de capitais, como uma empresa única. As marcas resgatadas não terão CNPJs próprios, funcionando apenas como identidades regionais.

A Agro100 ficará estampada em 35 lojas da região Sul, São Paulo e Minas Gerais, que continuam se reportando à vice-presidência Sul. A AgroCat terá 6 unidades em Campo Novo dos Parecis e Rondônia e a Rural Brasil, 24, em Goiás, Vale do Araguaia, Maranhão, Piauí, Tocantins e Unaí (MG). As duas marcas estarão vinculadas ao vice-presidente regional de Cerrado.

“O que mudou sim, e mesmo antes da marca, é o processo de dar maior autonomia na ponta. A AgroGalaxy de hoje, ou melhor dizendo, a Agro100, a Rural Brasil e a AgroCat a partir de amanhã, são muito mais ágeis, porque a gente levou para o ponto máximo possível de poder de decisão, sem deixar de manter uma governança de uma empresa que está no Novo Mercado da B3”, afirmou.

As mudanças que já vinham sendo feitas nesse sentido trouxeram, segundo Martins, ajustes também na atuação de cada região. Ele citou como exemplo o reforço das estruturas e equipes para a realização de barter no Cerrado – “é o idioma principal por lá”, diz – enquanto que no Sul o maior foco estará na originação de grãos.

Resumo

  • A AgroGalaxy vai substituir sua marca única pelas antigas bandeiras regionais Agro100, AgroCat e Rural Brasil
  • Objetivo é resgatar a conexão com os produtores locais, desgastada pelo processo de recuperação judicial, embora a empresa negue que o rebranding seja motivado por desgaste da marca
  • Empresa afirma que, apesar da mudança, a estratégia comercial, governança corporativa e estrutura institucional do grupo permanecem inalteradas