Prestes a se tornar uma unidade independente, inclusive com um IPO próprio, a divisão agrícola da Basf foi a estrela do balanço da gigante química alemã no segundo trimestre de 2025.

Como já havia acontecido ao final de 2024, foi esse segmento o responsável por segurar o nível de vendas da companhia em um nível semelhante ao obtido no mesmo período do ano passado e trazer equilíbrio nas contas, prejudicadas pelo mau desempenho dos negócios de produtos químicos básicos.

"O segmento de Soluções para Agricultura registrou lucros significativamente maiores e alcançou um crescimento de volume notável de 21% em comparação com o trimestre do ano anterior", afirmou Markus Kamieth, presidente do Conselho de Administração Executivo da BASF, ao apresentar os números trimestrais na manhã desta quarta-feira, 30 de julho.

No total, as receitas da Basf no trimestre somaram € 15,8 bilhões, uma pequena redução de € 342 milhões abaixo do nível do mesmo período em 2024. Já o Ebitda antes de itens extraordinários ficou na casa de € 1,8 bilhão.

No corte específico da divisão agrícola, o faturamento aumentou 13,5%, atingindo € 2,19. Embora os volumes tenham crescido mais do que isso, a queda de 1,6% nos preços médios dos produtos dessa área e uma perda de 6% em efeitos cambiais reduziram os ganhos financeiros.

Ainda assim, o Ebitda do segmento teve expressivo aumento de 209%, atingindo € 417 milhões.

Segundo o relatório apresentado pela Basf, esse crescimento se deu principalmente pelo aumento considerável de vendas na América do Norte e na Europa.

“A demanda antecipada e melhores condições climáticas comparadas com as do ano passado levaram ao crescimento das vendas, especialmente de herbicidas”, diz o documento.

Já na América do Sul e na Ásia o crescimento foi menor e teve seu efeito praticamente anulado pela desvalorização das moedas e às pressões de preços nos diferentes mercados. Nesse sentido, a Basf faz uma menção direta ao Brasil e ao real.

Efeito tarifaço

A Basf apresentou também um balanço referente ao primeiro semestre da companhia. Nele, as vendas apontam uma pequena queda – de € 33,7 bilhões em 2024 para € 33,2 bilhões em 2025 –, mas uma elevação da margem Ebitda – de 27,6% para 30%.

E apresentou uma revisão do seu guidance, com as expectativas de resultados para 2025. A companhia informou que espera fechar o ano com um Ebitda entre 7,3 bilhões e 7,7 bilhões, uma redução em relação às previsões anteriores, em que falava de resultados superiores a 8 bilhões nesse item.

As justificativas para o rebaixamento foram “as incertezas macroeconômicas e geopolíticas em curso”, com dúvidas em relação aos reais impactos das tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, ao redor do mundo.

Na visão da Basf, “espera-se que o crescimento enfraqueça em todas as principais regiões econômicas no segundo semestre do ano”. Se antes a empresa acreditava em uma expansão de 2,6% no PIB global, agora trabalha com um intervalo entre 2% e 2,5%.

“Como resultado, o aumento na demanda do mercado por produtos químicos não será tão significativo em 2025 quanto o esperado anteriormente”, avalia.

“A volatilidade dos anúncios de tarifas e a imprevisibilidade de outras decisões do governo dos Estados Unidos, bem como possíveis contramedidas por parte de parceiros comerciais, estão causando um alto nível de incerteza”, prossegue o comunicado.

Segundo o documento, a estratégia global de atender os clientes por meio da produção local em seus respectivos mercados ajuda a mitigar o impacto direto das tarifas nas contas da empresa.

“No entanto, existem efeitos indiretos, particularmente associados à demanda por nossos produtos e seus preços. Isso se deve principalmente à intensificação da pressão competitiva e ao aumento da inflação. Ainda não é possível avaliar completamente os efeitos resultantes”, concluiu.

Resumo

  • No 2º trimestre de 2025, a divisão agro foi destaque no balanço da Basf, com crescimento de 21% em volume e aumento de 209% no Ebitda
  • Apesar da leve queda nas receitas trimestrais (€15,8 bi) e semestrais (€33,2 bi), a Basf aumentou sua margem Ebitda
  • A empresa prevê impactos negativos no PIB global e na demanda por químicos, elevando a imprevisibilidade sobre seus resultados em 2025