Agora é oficial. Depois de um acordo malsucedido com a Amaggi para implantar usinas de etanol de milho em Mato Grosso, a Inpasa, uma das líderes do mercado brasileiro do , seguiu voo solo e confirmou que vai implantar sua primeira usina de etanol de milho em Goiás, no município de Rio Verde, um dos maior produtores de milho do Brasil.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 30 de outubro, em evento que marcou o lançamento da pedra fundamental da futura planta, que estará situada em terreno cedido pela prefeitura da cidade, às margens da BR-060, no sentido Rio Verde-Jataí, em área já da zona rural do município.

A nova planta deve ficar pronta até o fim de 2026, segundo informações da Prefeitura de Rio Verde, e vai exigir um investimento estimado pela Inpasa em R$ 2,4 bilhões.

A unidade deve produzir localmente 1 bilhão de litros de etanol anidro e hidratado, além de mais de 450 mil toneladas de DDGS, subproduto gerado no processo produtivo de fabricação do biocombustível e que é destinado para nutrição animal, e 47 mil toneladas de óleo de milho por ano.

A planta terá capacidade de absorver 2 milhões de toneladas de grãos e, nesse sentido, a fartura da produção de Rio Verde e região acaba sendo benéfica para a Inpasa, explicou Gustavo Mariano, vice-presidente da Inpasa, durante o evento.

"(A decisão de instalar em) Rio Verde não foi uma mera coincidência. Foi uma decisão estratégica da companhia, dado que essa localidade reúne alguns dos fatores mais importantes para o nosso sucesso: base agrícola sólida, localização geográfica privilegiada, desenvolvimento de infraestrutura para o escoamento de todos os nossos produtos e, obviamente, uma região que não para de inovar do ponto de vista agrícola, campo e tecnologia", afirmou.

O município está entre os maiores produtores de milho do País - na safra 2023, foi o segundo maior produtor de milho do Brasil, com cerca de 2,5 milhões de toneladas, gerando R$ 1,9 bilhão de valor de produção, segundo o IBGE.

“Trata-se de uma região com uma base agrícola extremamente sólida, extremamente bem desenvolvida, uma localização geográfica privilegiada, que soube desenvolver sua infraestrutura e que oferece para nós hoje um escoamento de produtos extremamente vantajoso”, complementou o fundador da Inpasa, José Odvar Lopes, em breve coletiva a jornalistas, na sequência do evento.

"Este momento é um momento muito especial, não é apenas esmagar o milho, não é apenas produzir etanol, DDG, energia, é muito mais do que isso. É poder entrar no processo de transformação do Estado de Goiás em poder ser vendedor do produto final daquilo que é a sua produção e cada vez mais levando renda também, competitividade para os produtores rurais terem outras opções", comemorou o governador Ronaldo Caiado.

O líder do Executivo de Goiás já tinha deixado escapar que a Inpasa iria fazer o investimento Rio Verde em julho passado, quando apareceu em um vídeo confirmando a construção da usina da companhia no estado.

Procurada na ocasião pelo AgFeed, a Inpasa não chegou a confirmar o investimento, mas disse que tinha de fato a intenção de instalar uma nova unidade em Goiás, mas que o projeto estava em fase de estudos de viabilidade estrutural e industrial.

Cada movimento da Inpasa, que faturou R$ 14,9 bilhões somente no ano passado, é acompanhado de perto nas principais regiões produtoras do Brasil.

Hoje, a companhia possui duas usinas no Mato Grosso (Sinop e Nova Mutum), duas no Mato Grosso do Sul (Sidrolândia e Dourados), uma no Maranhão (Balsas) e duas no Paraguai.

No ano passado, a empresa anunciou que investirá R$ 1,2 bilhão em sua oitava refinaria, que está sendo construída em Luís Eduardo Magalhães (BA).

Recentemente, a companhia se envolveu em um acordo com a Amaggi, maior grupo agrícola de Mato Grosso, que acabou não saindo do papel. Primeiro, no fim de agosto, as duas empresas anunciaram que iam firmar uma joint venture com o objetivo de construir pelo menos três usinas para a fabricação de etanol de milho em Mato Grosso.

Econômicas nos detalhes, as companhias não informaram, na ocasião, o valor de investimento no projeto, que possivelmente começaria com R$ 7,5 bilhões, mas anteciparam que cada planta teria capacidade inicial de processar 2 milhões de toneladas de cereais por ano.

Rondonópolis já estava confirmada como a primeira cidade que iria receber a usina. As outras duas unidades provavelmente seria instaladas em Campo Novo dos Parecis (MT) e Querência (MT), mas esses locais ainda estavam em estudo.

Se concretizada, a parceria reuniria expertises complementares entre a Amaggi, uma das maiores produtoras e originadoras de grãos do Brasil, e a Inpasa, um dos grandes e mais antigos players do mercado de etanol de milho no país.

Mas o sonho durou pouco. Em mais uma nota lacônica, as duas acompanhias anunciaram no último dia 14 de outubro que estavam desistindo da parceria de comum acordo, sem dar mais detalhes sobre os motivos que fizeram a tratativa emperrar. Agora, a Inpasa mostra que tem combustível para se manter em voo solo.

Com reportagem de Divino Onaldo, de Rio Verde (GO).

Resumo

  • Inpasa confirma investimento de R$ 2,4 bilhões em planta de etanol de milho em Rio Verde (GO), um dos maiores produtores do cereal no Brasil
  • Usina será a primeira da companhia em Goiás; a Inpasa possui unidades nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão, e também no Paraguai
  • Anúncio vem semanas após a Inpasa desistir de uma parceria com a Amaggi para uma JV que iria implantar usinas de etanol de milho em Mato Grosso