Empresa de logística do conglomerado Cosan, a Rumo registrou no terceiro trimestre de 2025 mais transporte de produtos, mas recebendo menos por cada tonelada.
De acordo com o balanço divulgado pela companhia na sexta-feira, 14 de novembro, no período de julho a setembro, a companhia registrou um lucro líquido ajustado de R$ 733 milhões, queda de 7,6% frente ao mesmo trimestre do ano passado.
O documento ainda pontua que poderia ser pior, porque o ajuste foi feito para excluir um impairment (termo em inglês utilizado para contabilizar uma espécie de correção devido à desvalorização de ativos) de R$ 317 milhões.
Sem esse efeito contábil, que não tem impacto no caixa, mas corrige a expectativa de recuperação do ativo — o lucro reportado cairia para R$ 416 milhões, uma redução muito mais intensa, de 39,2% na comparação anual.
A baixa não agradou os investidores e, por volta das 16h45 desta segunda-fira, a ação da Rumo era uma das que mais caía na Bolsa brasileira, com desvalorização de 8,1%.
No âmbito operacional, a companhia voltou a crescer depois de um primeiro semestre menos aquecido que em 2024.
Foram transportados 23,4 bilhões de TKUs (toneladas por quilômetro útil), alta de 8,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Desse total, 18,7 bilhões vieram da Operação Norte, crescimento de 7%, com 15,5 bilhões do total só de produtos agrícolas como soja, farelo, milho e açúcar, sendo esse último com uma alta expressiva de 61,5%, chegando a 1,1 bilhão de TKU.
“No segmento de produtos agrícolas, o aumento do transporte de açúcar refletiu o maior volume exportado, disponibilidade adicional de capacidade portuária e melhor utilização da capacidade ferroviária”, informou a empresa em seu balanço.
Na soja, houve alta de 15% e transporte de 2,7 bilhões de TKU, refletindo o escoamento da safra 2024/2025.
A Operação Sul também avançou, com 3,6 bilhões de TKU, alta de 15,3%, puxada pelo milho, cujo volume mais que dobrou no trimestre e atingiu 1 bilhão de TKU, beneficiado, de acordo com a empresa, de uma “recuperação da produção na região após uma quebra no ano anterior e de um reposicionamento comercial da malha”.
A dinâmica de preços, porém, não acompanhou o ritmo do volume. A tarifa média caiu 6,3% em um ano, para R$ 152,2 por mil TKU.
Em relatório, o analista da XP, Pedro Bruno, ressaltou que os preços mais baixos nos fretes são um “ponto de atenção”. “Vemos a fraqueza nos preços como um risco para a projeção de Ebitda de 2025”, disse, lembrando que o quarto trimestre ainda costuma ser mais fraco para a Rumo sazonalmente.
Ele reforçou que os preços ferroviários mais baixos ainda refletem incentivos tarifários na Malha Sul após atividade comercial mais fraca no início do ano, além de um cenário mais competitivo no Norte, onde houve “ambiente de preços mais desafiador devido a maior participação de produtos industriais, que possuem menor yield médio que grãos”.
O analista cita que, no Arco Norte, houve essa pressão tarifária em um momento em que há menos demanda por exportação de milho.Para ele, a combinação entre volumes fortes e preços mais fracos ajuda a explicar porque a receita cresceu pouco no trimestre.
A companhia tem transportado menos milho devido ao avanço das usinas de etanol do cereal na região do Centro-Oeste, que acabam mantendo o grão produzido por lá dentro do País.
Os custos totais da Rumo somaram R$ 1,98 bilhão, alta de 4,9% em um ano. O lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ficou em R$ 2,31 bilhões, alta de 4,5%,
O resultado financeiro da empresa, contudo, voltou a pesar. O indicador ficou R$ 837 milhões negativo, uma piora de 45,5% em relação ao trimestre anterior.
Segundo a companhia, o item foi pressionado por juros mais altos na rolagem da dívida e efeitos monetários e cambiais.
A dívida líquida encerrou setembro em R$ 14,9 bilhões, uma leve alta de 5% no ano, e a alavancagem terminou o período em 1,9 vez o Ebitda ajustado, também sem alterações relevantes em um ano.
Resumo
- A Rumo reportou lucro ajustado de R$ 733 milhões, queda de 7,6% em um ano, enquanto o Ebitda subiu para R$ 2,31 bi e a receita ficou em R$ 3,8 bi
- Os volumes cresceram para 23,4 bilhões de TKU, mas a tarifa média caiu 6,3%, o que segurou o resultado operacional
- A XP avalia que os fretes mais baratos seguem sendo um risco para o resultado de 2025, ainda mais com um quarto trimestre sazonalmente mais fraco