Investidores receberam mal o balanço da M. Dias Branco, uma das maiores indústrias de alimentos do Brasil.

Os papeis da empresa tiveram queda após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, no pregão desta segunda-feira.

As ações chegaram a recuar 14,7% sobre o fechamento de sexta-feira, de R$ 25,51 para R$ 21,77, mas se recuperaram. Por volta das 14h55, eram negociadas em R$ 23,26, baixa de 8,8%

A M. Dias Branco é dona de marcas de massas e biscoitos como Piraquê e Adria. No balanço divulgado na sexta-feira, 2 de maio, apontou queda de 55,2% no lucro líquido no 1T25 sobre o 1T24, para R$ 69 milhões. A redução ocorreu mesmo com o avanço de 3,2% na receita líquida entre os períodos, para R$ 2,21 bilhões.

Entre os pontos principais para a queda no lucro estão o aumento dos custos com matérias-primas e a alta no dólar. O custo dos produtos vendidos subiu 11,6%, para R$ 1,622 bilhão, e a fatia sobre a receita líquida saiu de 67,9% para 73,4% entre os períodos de janeiro a março.

Os destaques negativos de maior impacto sobre o custo foram o óleo de palma, com alta de 24%, e a cotação da moeda norte-americana, que saiu de R$ 4,95 para R$ 5,84 entre os trimestres. Grande parte de um dos principais insumos da companhia, o trigo, é importada.

As despesas totais subiram 4,6%, com R$ 17,6 milhões em despesas extraordinárias ligadas ao fechamento da fábrica em Lençóis Paulista.

Em relatório, o BTG Pactual informou que a trajetória da M. Dias Branco tem sido instável e avaliou que os resultados materiais do processo de reestruturação iniciado no terceiro trimestre de 2024 ainda não se transformaram em financeiros.

“Continua sendo um caso de riscos de baixa para nossas projeções e as do consenso para o ano”, informou o BTG Pactual.

De acordo com a instituição financeira, historicamente a M. Dias Branco utiliza sua integração vertical para absorver pressões de custo, buscando preservar volumes ao segurar preços e ganhar participação de mercado. Isso poderia explicar a deterioração da margem e dos preços médios da companhia.

“Acreditamos que a empresa pode ter adotado uma abordagem semelhante neste trimestre, o que é consistente com sua mentalidade pós-reestruturação. Diante do aumento nos custos dos insumos nos últimos trimestres, a M. Dias Branco provavelmente optou por internalizar o impacto em vez de repassar os preços antes dos concorrentes”, relatou o BTG Pactual.

Ainda segundo o banco, a estratégia até pode fazer sentido para manter volumes e preservar participação de mercado no curto prazo, mas pressiona a rentabilidade e levanta dúvidas sobre o momento em que a empresa conseguirá capturar valor de forma mais estruturada.

“Isso será particularmente desafiador se os custos de insumos permanecerem elevados e a dinâmica competitiva não permitir repasses de preços. Seguiremos acompanhando de perto como a empresa irá equilibrar volume, preço e margem ao longo dos próximos trimestres”, concluiu.

Já o Itaú BBA classificou como “fracos” os resultados da M. Dias Branco e destacou o Ebitda de R$ 179 milhões, já ajustado pelo fechamento da fábrica no interior paulista, cerca de 30% abaixo da estimativa da instituição.

Assim como o BTG Pactual, o Itaú BBA questionou a estratégia da companhia para recuperar a lucratividade, “já que as estratégias de precificação não compensaram os preços mais altos das commodities como se esperava”.

Mesmo após o tombo no trimestre, o Itaú BBA manteve a recomendação neutra para M. Dias Branco.

O banco sugeriu dois passos necessários antes que expectativas mais fortes sejam incorporadas para a companhia: maior visibilidade sobre os resultados efetivos das mudanças internas; e maior consistência nos níveis de rentabilidade.