São 7 mil hectares cultivados por 70 produtores rurais parceiros nos plantios de tomate, milho doce e pepino. Tudo irrigado para evitar que qualquer tipo de intempérie climática prejudique a oferta para a produção.

Dessas lavouras complexas, cuja qualidade precisa ser a melhor, sairão as matérias-primas para 50 produtos das marcas Heinz, Hemmer, Quero e BR Spices e , que a Kraft Heinz detém no Brasil.

E o país foi escolhido pela companhia para ser seu laboratório global para a transformação digital na agricultura.

O plano, de três anos, segue até 2027 e prevê a utilização maciça de plataformas digitais com inteligência artificial e machine learning para fornecer à Kraft Heinz dados como previsões do tempo e estimativa de colheita, para, por exemplo, auxiliarem na tomada de decisões, na logística e na infraestrutura.

“Com a tecnologia aplicada, esperamos reduzir o consumo de água, utilizar menos insumos agrícolas e ampliar a transição de químicos para biológicos”, afirmou Lucas Paschoal, head de agricultura da Kraft Heinz Brasil, em entrevista ao AgFeed.

Segundo ele, o laboratório brasileiro será modelo para outros países com produção e unidades da companhia, como Nova Zelândia, Turquia, Estados Unidos, Polônia e Egito.

O executivo explica que o uso da agricultura digital se explica também pela complexidade de produção de cada matéria-prima. Como todas as lavouras são irrigadas, os cultivos devem ter uma janela específica em cada região.

Cultivado entre julho e outubro, fora da temporada de chuvas, o tomate, por exemplo, passa pela escolha de híbridos e sementes específicas, com resistência adequada para cada período de plantio e lavouras.

Como a cultura tem uso intensivo de defensivos, com a agricultura digital a Kraft Heinz espera “revisitar totalmente o pacote de insumos, ter uma maior aderência aos biológicos e, principalmente, manter e ampliar a produtividade e a qualidade”, disse Paschoal.

A companhia não informa a porcentagem de utilização de defensivos químicos e biológicos nas lavouras dos produtores parceiros.

Outro exemplo de especificidade na cultura é o milho doce, cuja colheita é feita por máquinas específicas fornecidas por uma empresa especializada.

Segundo Paschoal, das três culturas, o milho, que ocupa a maior área, com 3.500 hectares, e o tomate, com 2.500 hectares, são as mais extensivas.

Já as lavouras de pepino, pela característica de cultivo, com suportes verticais, demandam áreas menores, de acordo com o diretor de agricultura.

A maior parte das plantações está localizada em Goiás e outras propriedades se concentram no Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina

“Além da interação entre produtores rurais e o time de agricultura para planejar, selecionar e fornecer de pacote de insumos do plantio até a colheita, como a cadeia é verticalizada temos de estar muito próximos às equipes de planejamento e da indústria”, afirmou Paschoal.

Das unidades no Brasil, Nerópolis (GO) é a responsável pelo processamento de tomates e produção. Além dela, a companhia tem plantas em Nova Goiás (GO), Blumenau (SC), Jandira (SP).

Com o suporte da agricultura digital, a Kraft Heinz Brasil espera se tornar referência global na produção de tomates, aliando sustentabilidade e tecnologia.

“Fomos recentemente reconhecidos como o terceiro maior processador de tomates da América Latina, uma conquista importante que reconhece o Brasil na estratégia global da Kraft Heinz e posiciona a empresa como referência de qualidade”, explicou Paschoal.

O diretor de agricultura da Kraft Heinz Brasil se refere ao levantamento da Tomato News, principal publicação do setor de tomates, em que o Brasil ocupa a nona posição global na produção.

Resultados

A companhia, que não informa dados específicos do Brasil, relatou lucro líquido de US$ 2,13 bilhões no quarto trimestre de 2024, ante US$ 757 milhões no trimestre derradeiro de 2023. Mesmo com o resultado no período, no ano passado o lucro da Kraft Heinz recuou 3,1%, para US$ 2,74 bilhões.

As receitas da processadora foram de US$ 6,57 bilhões entre outubro e dezembro, queda de 4,1% na comparação anual e acumularam US$ 25,8 bilhões em 2024, redução de 3% sobre 2023. Para 2025, a companhia vê que suas vendas fiquem estáveis.

Resumo

  • A Kraft Heinz escolheu o Brasil para liderar um plano de transformação digital na agricultura até 2027
  • Iempes usa A e machine learning para otimizar cultivos, logística e sustentabilidade na produção de tomates, milho doce e pepino.

Pepino produzido na fazenda de parceiro da empresa

Fábrica da Kraft Heinz em Nerópolis (GO)