Os equipamentos estão lá, expostos no grande “celeiro”, que é como a fabricante paulista de máquinas e implementos agrícolas Baldan gosta de chamar seu estande na Agrishow.
Mas em 2025, Fernando Capra, o CEO do grupo, presta especial atenção a uma espécie de "ilha" montada em um canto da imensa tenda que abriga os produtos da marca.
“O foco é no juro. O capital é proibitivo, a palavra certa é essa”, diz ele.
“A gente tem produto disponível, equipamento disponível, a tecnologia está aí. O conhecimento dessa oferta, o produtor também tem. Ele só não está conseguindo acessar”, completou.
Por isso, a companhia decidiu este ano reservar um espaço específico para tratar com o produtor de possíveis soluções financeiras para ajudar no fechamento de negócios.
Nesta terça-feira, 29 de abril, até mesmo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deve passar por esse espaço para confirmar a inclusão da Baldan em um programa de incentivo elaborado pelo governo para oferecer condições mais favoráveis aos produtores paulistas.
Conforme o AgFeed antecipou nesta segunda-feira, o governo paulista preparou um pacote que deve somar R$ 600 milhões em recursos para financiar o agro do estado, liderado pela agência de fomento estatal Desenvolve SP.
“A gente foi o primeiro cadastrado da linha que a agência montou faz poucas semanas”, conta. “A gente rapidamente, em uma semana, se prontificou a fazer parte dela e passamos pelo crivo das exigências que a agência impõe”.
Segundo Capra, dentro desse programa, esses produtores poderão encontrar linhas de crédito a partir de 1% ao mês, dependendo, é claro, das condições de aprovação de crédito.
Capra afirma que, assim como São Paulo, outros estados têm se movimentado para criar programas de incentivo para complementar os recursos, cada vez mais limitados, do Plano Safra federal.
“O plano safra vai ter o reforço dos estados, senão não fecha a conta”, argumenta.
No caso do programa da Desenvolve SP, apenas produtores paulistas terão acesso, e para aquisições de empresas paulistas.
Em outros estados, como o Paraná, um modelo semelhante baseado em Fiagros também limita geograficamente as transações, o que vai exigir das empresas que atuam em várias regiões, como a Baldan, a busca de outros instrumentos.
Capra diz que uma das frentes de reforço da empresa será o consórcio. E anunciou também que a empresa começou a estruturar operações de barter para implementos, algo que, segundo ele, não era utilizado nesse segmento.
Ainda esta semana ele espera assinar um contrato com uma empresa especializada nessa área e fazer as conexões com as tradings, parte importante para o recebimento dos grãos usados pelos produtores na liquidação das operações.
“Acho que o barter vai abrir mais o mercadoi para nós fora de São Paulo, principalmente nas regiões de produção de grãos, como o Centro-Oeste”, diz. “Até porque esse mercado de lá está acostumado com isso”.