A Bahia Farm Show, maior evento de tecnologia agrícola do Nordeste e hoje também um dos principais do calendário brasileiro do setor, só começa no próximo dia 9 de junho.
Mas desde já é possível prever que um estande de 1,2 mil metros quadrados dentro do parque de exposições de Luís Eduardo Magalhães, no Oeste baiano, será o principal foco de curiosidade dos visitantes.
Ali, pela primeira vez, a montadora alemã Nexat vai expor em público – iniciando oficialmente sua jornada comercial no País – sua “máquina monstro”, apelido do equipamento da companhia que se tornou popular nas redes sociais pelo gigantismo – sua plataforma tem mais de 14 metros de vão livre – e pelo conceito “tudo em um” -- que permite reunir em um único sistema todas as etapas de trabalho em uma cultura, que anteriormente exigiam uma variedade de máquinas agrícolas, do preparo do solo à colheita, usando acessórios modulares.
A máquina a ser apresentada é a terceira a chegar ao País e já tem comprador: a Agro Basso, empresa agrícola da região que já opera a primeira Nexat vendida no País desde o ano passado – um protótipo da própria Nexat também já circula por aqui desde 2024.
Junto com ela, serão apresentados todos os implementos desenvolvidos pela companhia junto a parceiros brasileiros e estrangeiros para adaptar a plataforma às condições da agricultura local.
No total, são cinco módulos: de preparo do solo, plantio, adubação, pulverização e colheita. Em cada um deles, a Nexat foi buscar parceiros diferentes, nacionais ou não, especializados nas diferentes etapas de cultivo.
Todos eles testaram seus equipamentos durante a última safra de verão na fazenda Bananal, em Luís Eduardo Magalhães, onde a Agro Brasso cultiva cerca de 40 mil hectares.
Os resultados desses testes não são revelados, mas segundo Vinícius Marchioro, country manager da Nexat no Brasil, houve ganhos expressivos de eficiência nas operações.
Na colheita da safra de milho e milheto, no ano passado, quando duas máquinas – o protótipo e a adquirida pela empresa – rodaram as lavouras, o diretor agrícola da Agro Basso, Adnam Robles, afirmou ao AgFeed que cada “máquina monstro” realizou o trabalho de “três ou quatro” convencionais, proporcionando um rendimento até 50% superior.
Assim, no estande da Nexat na feira a marca da montadora estará ao lado de outras mais conhecidas por aqui como a Vanderstad (módulo de preparo de solo), Baldan e J.Assy (plantio), a Amazone (adubação), Incomagri (pulverização) e GTS e MacDon (colheita).
Todas também já participam da safrinha na Agro Basso, onde, segundo Marchioro, a máquina da Nexat ofereceu à empresa a possibilidade de realizar uma operação inédita.
“A gente plantou, na mesma operação, milho com braquiária consorciada, que é uma coisa que normalmente não tem como fazer com outros equipamentos”, disse ele ao AgFeed.
Nesse caso, uma parceira a mais foi introduzida no processo, a austríaca APV, que foi a responsável pelo desenvolvimento do módulo de plantio de braquiária.
Marchioro não fala, por enquanto, de valores para a aquisição da plataforma Nexat ou dos implementos. “A gente vai começar conversas de venda na Bahia Farm Show”, afirmou. “Na feira a gente vai revelar preços só para quem tiver real interesse em comprar e fazer o projeto”.
Apenas três máquinas serão vendidas nesse primeiro momento, com previsão de entrega em meados de 2026, já podendo ser utilizadas na safra 2026/2027.
Nos Estados Unidos, segundo informações do site Farm Progress, somente o módulo transportador custa em torno de US$ 1 milhão. Com todos os implementos, esse valor pode dobrar.
No primeiro dia do evento na Bahia, os fundadores da Nexat – os engenheiros mecânicos Klemens e Felix Kalverkamp, pai e filho – farão o lançamento oficial da marca no País.
Eles criaram o conceito da “máquina monstro” em 2018, mas apenas em 2023, após ter recebido um aporte, de valor não revelado, do EW Group – conglomerado alemão com foco em genética para produção de aves, suínos e peixes e participações em dezenas de empresas em vários países do mundo, inclusive no Brasil – a companhia passou a falar em produção em larga escala
Por enquanto, há menos de 30 máquinas em operação no mundo, mas a tendência é que esse número comece a crescer junto com a demanda com a chegada a novos mercados.
Em 2023, Marchioro afirmou que a companhia estuda a viabilidade de ter uma fábrica no Brasil, mas que uma eventual decisão nesse sentido ainda levaria algum tempo e que, caso seja positiva, a produção não ocorreria antes de 2028.
Por enquanto, o que já está confirmada é a abertura, ainda este ano, da primeira concessionária da marca no País, lá mesmo, em Luís Eduardo Magalhães, em um imóvel alugado pela Nexat.
Resumo
- Estreia na feira de Luís Eduardo Magalhães marcará início da operação comercial do País, depois de um ano de desenvolvimento em operação em fazenda do grupo Agro Basso
- A máquina Nexat reúne todas as etapas do cultivo agrícola em um único sistema modular (preparo do solo, plantio, adubação, pulverização e colheita)
- Empresa deve abrir primeira concessionária da marca este ano na cidade do Oeste baiano