Esteio (RS) - Os produtores de arroz no Rio Grande do Sul planejam plantar mais de 948 mil hectares na safra 2024/2025, um avanço de 5,3% em relação à temporada anterior.
O anúncio dos resultados da safra 2023/2024 e a previsão para 2024/2025 foi feito, como tradicionalmente ocorre, na Casa do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz) no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), durante a Expointer.
A metade Sul do estado, importante para a produção de arroz no Rio Grande do Sul, foi uma das mais afetadas pelas enchentes no primeiro semestre deste ano, trazendo dúvidas sobre a capacidade dos produtores em recuperar o solo e manter a mesma área cultivada.
“Nós temos um grande trabalho de recuperação principalmente de canais de drenagem que desmoronaram com excesso de chuvas. Tudo isso aumenta e preocupa sobre o custo de produção”, disse Alexandre Velho, presidente da Federarroz. “Mesmo assim, temos a expectativa de um ligeiro aumento".
Além de planejarem ocupar uma área maior, os produtores de arroz do Rio Grande do Sul esperam ter um aumento de produtividade em função da ocorrência do fenômeno climático La Niña.
“La Niña traz uma incidência maior de luz, e essa incidência normalmente proporciona produtividades maiores”, disse Alexandre. Como parâmetro, o presidente da Federarroz lembrou que o fenômeno oposto, El Niño, diminui a produtividade em 5% a 10%.
A previsão de aumento da área cultivada ocorre apesar de as chuvas terem inviabilizado a produção na região central do estado.
“Teremos a retomada em áreas que já foram plantadas e estavam de lado. O Rio Grande do Sul, que 15 anos atrás plantou 1,2 milhão de hectares, ficou em 840 mil na safra passada”.
Parte do aumento das áreas para o cultivo de arroz deve ocorrer com a redução do cultivo de soja. A intenção de semeadura da soja nas chamadas “terras baixas”, segundo o Irga, caiu de 422.210 para 403.941 hectares, entre as safras 23/24 e 24/25.
“Cerca de 50% dos produtores de arroz também plantam soja. A soja entrou com muita força e, em alguns locais vai ter que ceder espaço”, disse Alexandre.
No entanto, para a intenção de semeadura se converter em produção efetiva, serão necessárias boas condições de financiamento. “Apesar dessa intenção de plantio, precisamos lembrar que sem capital financeiro não se faz nada. Isso ainda não está resolvido”, disse o secretário estadual de Agricultura, Clair Kuhn.
“Talvez o ministro da Agricultura Carlos Fávaro traga uma proposta atingível nas instituições bancárias. Precisamos no mínimo renegociar as dívidas que temos para trás. Crédito a disposição é determinante para esse crescimento acontecer”.
O ministro Fávaro é aguardado na Expointer para sexta-feira (30), dia que ocorre o desfile dos campeões das diferentes raças de animais que participam da feira.
A última safra, logo após as enchentes, foi um período marcado pela polêmica sobre a necessidade ou não de importar arroz, para frear o aumento nos preços.
O governo federal chegou a promover um leilão para importar o cereal, mas suspeitas de irregularidades, levaram ao cancelamento da compra.
“Confirmamos que o governo federal estava errado ao prever que faltaria arroz”, afirmou o secretário. Os dados do Irga indicam que a produção na safra 23/24 foi de 7,2 milhões de toneladas.
Para a próxima safra, o Irga prefere não prever produção e produtividade, considerando muito cedo. “Mas a produção de arroz encontrou seu ponto de equilíbrio, não temos o menor risco de desabastecimento, com boa expectativa de produtividade”, afirmou Rodrigo Warlet Machado, presidente do Irga.