O agronegócio e o mercado financeiro são indústrias que têm, em comum, diversos fatores de risco. E talvez esse seja também o ponto de entendimento entre os agentes que atuam nos dois segmentos.
É o caso da Galapagos Capital, de acordo com o sócio Marco Bologna. “Um dos nossos diferenciais é que queremos estar no agro. Muitos agentes do mercado financeiro não estão dispostos a correr os riscos juntamente com os produtores de uma indústria a céu aberto”.
A Galapagos tem cinco anos de existência, e pelo segundo ano, participa da Agrishow. Mas Bologna traz uma experiência muito maior na feira, já que durante 16 anos, participou como executivo da companhia aérea Latam, onde foi CEO, no segmento de aviação executiva.
“No ano passado, nós chegamos ainda conhecendo a feira, e conseguimos gerar negócios que fechamos depois. Em 2024 está melhor, principalmente na geração de leads (oportunidades para conseguir novos clientes)”, conta Bologna.
A Galapagos foi fundada em 2019, e já tem uma atuação relevante nas várias relações entre o agronegócio e o mercado financeiro.
Como estruturadora de operações de crédito, a casa já tem quase R$ 1 bilhão em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) nos seus cinco anos de existência. “Nós fazemos operações que contam com garantias reais e prazos mais longos. Estruturamos CRAs para investimentos em terras, máquinas e equipamentos”, diz o sócio da Galapagos.
A empresa tem atualmente cerca de 380 funcionários, e uma carteira que supera os 50 mil clientes. “Nós temos inclusive agrônomos no nosso time, porque precisamos entender não só tecnicamente, mas também a linguagem do produtor”, ressalta Bologna.
A gestora já está entre os 15 maiores estruturadores de CRAs do mercado, e a ideia é continuar gerando mais operações. “Não temos uma meta de valores, mas nós temos capacidade hoje de fazer entre 40 e 50 operações em um ano”.
Quando se trata de distribuição de fundos e outros produtos financeiros, a Galapagos tem cerca de R$ 23 bilhões sob gestão, e segundo Bologna, a participação de ativos do agronegócio dentro deste universo é bem próxima ao que acontece no Produto Interno Bruto brasileiro, ou seja, perto de 25%.
“Há um grande interesse dos investidores pelo agronegócio hoje, até por conta da relevância que tem na economia. A missão da Galapagos é levar às duas pontas uma simetria de informações sobre os instrumentos e as alternativas oferecidas pelo mercado de capitais aos investidores e aos produtores”, afirma Bologna.
Nessa missão, a estratégia da Galapagos envolve um equilíbrio entre as ferramentas tecnológicas mais modernas no atendimento aos investidores e o “pé na lama” para marcar presença junto aos produtores.
“Acho que o conceito de phygital se aplica bem ao que estamos fazendo. Estamos investindo muito em ferramentas digitais para análise de crédito, coleta de dados e Inteligência Artificial”, disse o executivo.
Bologna diz que sabe da relevância do olho no olho para os produtores. “Não adianta ficar sentado na Faria Lima. Temos que aprender inclusive sobre os aspectos culturais de cada região, isso faz parte da decisão de crédito”.
A participação na Agrishow é um dos caminhos para ter esse contato direto. Na feira, Bologna destaca o ciclo de conteúdos disponibilizados no estande, especialmente um dia voltado só para falar da participação das mulheres na gestão de propriedades rurais.
No início da semana, a gestora também reuniu em um painel, nomes como o CEO da John Deere, Antônio Carrere, o presidente do Conselho Superior de Agronegócio (Cosag) da FIESP, Jacyr Costa Filho, o ex-presidente da Agrishow, Francisco Maturro e o secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai.