Ribeirão Preto (SP) - A agricultura digital é uma realidade no Brasil. O fato, que não é novidade para ninguém, pode ser corroborado pelas investidas de gigantes da tecnologia e pelo surgimento de diversas startups dedicadas a captar dados e dar insights mais precisos aos produtores.

Até mesmo empresas já consagradas em outros segmentos do agro, como o mercado de insumos, passam a dar passos mais longos quando o assunto é agricultura digital. Uma delas é a multinacional alemã Basf, que possui o xarvio, programa que já é comercializado no Brasil desde 2019 e que está ganhando novas funcionalidades.

O AgFeed conversou com Almir Araújo, diretor de Digital, Novos Modelos de Negócios e Excelência Comercial da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF na América Latina, durante a Agrishow, para entender as novas apostas da empresa para seu software.

Ele comentou que até agora, o foco do xarvio tem sido em atuar no sistema soja/milho/algodão cultivado no Cerrado brasileiro e responsável por grande parte da produção agrícola nacional.

Agora, o serviço passará a atender também produtores de cana, com uma funcionalidade dedicada ao mapeamento digital de plantas daninhas na cultura.

Segundo Araújo, o programa da Basf possui uma série de soluções que vão desde o plantio à colheita. “O agricultor pode utilizar o xarvio para ter uma melhor recomendação agronômica para uma plantação e aplicação mais eficientes”.

A solução possui uma versão standard e outra premium. Na primeira, mais simples e que tem mais penetração em propriedades pequenas e médias, o produtor consegue monitorar a sanidade da lavoura, entender como está a propriedade e realizar uma gestão agronômica da fazenda.

“Ele pode desenhar talhões e, em tempo real, receber informações da propriedade, clima e relatórios sobre o cultivo”. Na versão premium, os clientes ganham uma “inteligência gerada pelo imageamento feito por drones”, explica o diretor. Os voos com os equipamentos captam imagens que são sobrepostas com imagens de satélites. Os dados passam por algoritmos que identificam manchas de infestação e geram um mapa de aplicação.

“Nosso serviço não gera somente insights. Nós atrelamos o xarvio à operação do produtor e o dado chega na máquina para ela pulverizar o local indicado. O processo de mapear, identificar e aplicar dura 48 horas”, contou.

Segundo dados da Basf, o uso do serviço economiza entre 60% e 70% o uso de herbicidas, água e diesel na operação. Além de atuar com ervas daninhas, o serviço permite melhorar o processo de dessecação pré-colheita.

As imagens captadas pelos drones conseguem identificar quais grãos já estão mais maduros e prontos para serem colhidos. Logo, a colheitadeira que recebe as informações consegue fazer o processo de forma mais assertiva.

As outras duas novidades do xarvio, lançadas na Agrishow, estão justamente nesse serviço mais premium: semeadura e nutrição com taxa variável.

Na primeira, a Basf adicionou ao sistema mapas de satélite dos últimos oito anos para gerar uma power zone, que mostra o índice produtivo de cada pedaço do talhão.

“Sabendo qual pedaço produz mais, podemos variar a população de sementes conforme o necessário”, diz. Na nutrição com taxa variável, o conceito é o mesmo, mas leva em consideração os índices de biomassa locais para adaptar o uso de fertilizantes.

Segundo Araújo, são 11 milhões de hectares de lavouras já monitoradas com o xarvio por aqui, ao longo dos anos, o que representa um histórico de mais de 12 mil usuários da plataforma no Brasil, o maior mercado do programa.

São ao todo 14 países, com destaque, para além do Brasil, para a Argentina, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Japão.

Almir Araújo afirmou que o plano de expansão vai para além de conquistar mais hectares, e passa por novas parcerias. Além de um foco em distribuir o produto para cooperativas, a empresa quer reforçar o xarvio AgroExperts, que leva o programa para consultorias de mercado que atuam com agricultura de precisão.

“Nós disponibilizamos o xarvio para eles aprimorarem os próprios serviços. Queremos expandir o programa para mais consultorias e soluções de operação e manejo”, explicou.