Às vésperas do encerramento da Expointer "da reconstrução", representantes do agronegócio do Rio Grande do Sul aguardavam ansiosos o anúncio de novas medidas de socorro para produtores rurais, cooperativas, cerealistas e revendas.

O setor enfrenta dificuldades financeiras e busca auxílio para se reerguer após as perdas significativas causadas pelas enchentes do primeiro semestre.

O mensageiro aguardado era o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que chegou ao Parque Assis Brasil, em Esteio, na manhã desta sexta-feira. Inicialmente, ele havia cancelado sua visita devido à indisponibilidade de um voo da Força Aérea Brasileira, mas voltou atrás e compareceu ao evento.

Em seu discurso, Fávaro anunciou que a renegociação das dívidas com acesso aos R$ 15 bilhões em recursos do Fundo Social, prometidos pelo governo em maio, terá um prazo de 8 anos para produtores diretos e cooperativas, e 5 anos para cerealistas, com períodos de carência incluídos.

As taxas de juros previstas devem ser de aproximadamente 7% a 8% (a pretensão do governo é de no máximo 10%) — esse ponto ainda está sendo discutido em reuniões adicionais, com representantes dos bancos.

O ministro destacou a prioridade de implementar uma força-tarefa para acelerar o processo. “Não pode demorar, porque as medidas estão tomadas”, afirmou Fávaro a jornalistas após um almoço com entidades do agro.

As novas medidas, que “já estão escritas”, serão enviadas ao Conselho Monetário Nacional (CMN) entre segunda e terça-feira, com a expectativa de aprovação na quarta-feira.

Fávaro também explicou que as ações encaminhadas ao CMN visam alcançar os produtores que ainda não foram beneficiados pelo volume de R$ 1,9 bilhão destinado à subvenção de crédito rural no estado.

O levantamento revelou que esses recursos cobrem 93% dos produtores. No entanto, ainda restam 7% que enfrentam as maiores dívidas.

“Esses 7% e todos os outros casos mais, vem agora nessa medida do Conselho Monetário Nacional, que vão acessar o Fundo Social e podem trocar o perfil da dívida, deixar de dever CPR, deixar de dever para revendas, para cooperativas, e dever para o fundo social com fundo garantidor”, explicou o ministro.

Solução “bastante razoável”

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) havia solicitado ao governo federal um prazo de 15 anos de prorrogação para as dívidas, depois alterado para 10 anos, com uma taxa de juros de 3% ao ano, e com dois anos de carência.

Apesar de não ter o pedido atendido, a entidade avalia como "bastante razoável" as condições apresentadas pelo governo, admitindo que o pleito defendido era "inexequível".

"Esta é a realidade e nós temos colocado isso aos nossos produtores. Para um produtor que efetivamente, neste momento, não sobra nada, isto é um recurso que vem e vem muito bem e dá vida ao produtor", afirmou Gedeão Pereira, presidente da Farsul, após a reunião com o ministro.

O dirigente classificou o encontro como o mais importante de todos, porque criou um comprometimento na presença de produtores rurais, dos bancos e do governo. "Parece que agora sim estamos caminhando para uma solução", avaliou.

Em relação aos juros, por mais que ainda não haja nada definido, a expectativa da Farsul é que fique ao redor de 10% “um pouco mais, um pouquinho menos”, mas é preferível pagar os juros em um período longo, do que entrar em uma recuperação judicial, disse o dirigente.

A Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs) fez uma avaliação semelhante.

“É evidente que a gente gostaria de melhorar um pouco mais, mas nós acreditamos e reconhecemos o esforço dos ministros para que pudéssemos chegar a esses índices. Acreditamos que foi um bom acordo dentro do possível. E esse acordo só saiu graças ao apoio das entidades e do trabalho do Sistema Ocergs”, afirmou o presidente da entidade, Darci Hartmann, em mensagem enviada ao AgFeed.

Destaque para o “Caramelo”

Embora a Expointer esteja com portões abertos desde o último sábado, a feira, tradicionalmente, faz uma cerimônia de “abertura” na sexta-feira, para que os animais vencedores dos campeonatos das diferentes raças de animais que participam do evento possam desfilar. A solenidade é também o momento em que autoridades e lideranças discursam para o público presente.

Participaram do desfile os campeões entre exemplares de gado de corte e leite, bubalinos, equinos, ovinos e produtos vencedores do concurso da agricultura familiar.

Este ano, porém, teve um participante “ilustre” que roubou as atenções entre os demais.

Apesar das inúmeras autoridades presentes durante o desfile dos campeões na abertura oficial da 47ª Expointer, outra "celebridade" roubou as atenções:

Foi o cavalo “Caramelo” símbolo da resiliência gaúcha durante as enchentes, que foi resgatado após dias ilhado no telhado de uma casa.

O animal foi aplaudido pelo público em Esteio enquanto desfilava usando uma capa com o símbolo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), onde mora atualmente.

Caramelo tornou-se um ícone de esperança e resiliência no Rio Grande do Sul e sua presença no Parque Assis Brasil reforçou o tema da Expoiter deste ano: superação.

Cavalo caramelo no desfile dos campeões da Expointer