Há pouco mais de uma semana, durante a Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, o deputado Arnaldo Jardim, vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), assinou uma ficha de associação ao Sicredi, o maior sistema cooperativo de crédito do País.
A assinatura, simbólica, indicava que a instituição atingia, ali, a marca de 8 milhões de associados. E a escolha de Jardim e da Agrishow para celebrar a conquista reforçava o papel estratégico do agronegócio para o crescimento do Sicredi.
Hoje, o Sicredi se autodenomina o segundo maior financiador do agro do Brasil, atrás apenas do Banco do Brasil. Os números são superlativos. A carteira agro da instituição atingiu os R$ 83,4 bilhões no final do ano passado, um crescimento de 24,2% frente a 2022. Um avanço maior que os 21,4% da carteira de crédito total do Sicredi, que atingiu R$ 210,5 bilhões.
A ambição é, mesmo em um ano que se apresenta como mais complexo, manter a toada do crescimento. Segundo Gustavo Freitas, diretor executivo de negócios e crédito do Sicredi, a carteira total de crédito deve aumentar cerca de 19% em 2024 frente ao ano passado, com um crescimento próximo a 18% no segmento agro.
Os desafios para crescer no ano e na próxima safra não são poucos. Com o preço de grãos em baixa e com algumas dificuldades no plantio na temporada atual, o Sicredi aposta que a baixa da taxa de juros no País pode trazer um equilíbrio nessa balança.
“O agro enfrenta problemas de ciclo e de preços, mesmo com as cotações mais positivas hoje do que eram no primeiro trimestre do ano. Vemos que o produtor também vai encarar um ajuste nos custos”, projetou.
Juros menores podem trazer taxas subsidiadas mais interessantes também no próximo Plano Safra, avalia Freitas.
Dentro do Plano Safra 2023/2024, na temporada atual, o Sicredi deve desembolsar, até junho, cerca de R$ 50 bilhões. Antes da Agrishow 2024, já haviam sido liberados R$ 42 bilhões, 15% acima do que foi desembolsado no mesmo intervalo da temporada anterior. O dinheiro foi dividido em mais de 250 mil operações.
Na safra atual, 51% dos recursos destinados aos produtores foi para custeio, 22% para investimentos e 25% em CPRs (Cédulas de Produto Rural).
Um dos pontos destacados pela instituição é o perfil dos produtores que acessaram esse crédito. Nos desembolsos do Plano Safra, Freitas estima que são pouco mais de 730 mil produtores beneficiados, com uma média de idade de 51 anos e uma renda média mensal de R$ 70 mil.
No agro, 95% dos associados são pequenos e médios produtores rurais. “Em mais de 200 cidades do Brasil, somos a única instituição financeira fisicamente presente, isso nos possibilita dar o suporte que os produtores necessitam”, destacou Thiago Rossoni, superintendente de Agronegócio do Sicredi. Ao todo, são 2,7 mil agências espalhadas pelo País.
As estatísticas do Sicredi apontam que 28% dos recursos foram direcionados para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e 24% para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
Freitas ainda destacou que a instituição financeira cooperativa já é a maior repassadora de recursos do BNDES em 2023. Foram R$ 8,2 bilhões pelo Sicredi em operações para pessoas físicas, PJ e produtores rurais via BNDES no ano passado.
No agro, foram R$ 5,7 bilhões concedidos, 37% acima do que em 2022. “Somos o principal repassador dos recursos do BNDES que vão para o agro dentro da porteira em todo País”, afirmou Freitas.