Nos últimos dez anos, quase 90% dos sinistros do seguro agrícola foram causados por seca, granizo e geadas, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). Até o ano passado, contudo, os bons preços de commodities agrícolas ajudavam as margens dos produtores e compensavam eventuais perdas.
Mas o clima mudou. Os efeitos severos do fenômeno El Niño vieram junto com um período de baixa na receita das lavouras, gerando mais atenção sobre o setor de seguros.
A CNSeg, por exemplo, já prevê um crescimento de 23,1% do setor de seguro rural em 2024. Antes, a instituição previa uma alta de 5% frente 2023.
Isso significa oportunidades de negócios para quem atua no segmento, mesmo que nos bastidores.
“Até 2021 o mercado do agro teve um aumento no prêmio de subvenção, algo que desacelerou entre 2022 e 2023. Esse movimento fez as seguradoras mudarem estratégias”, explica Rodrigo Orlandini, diretor de Produtos da i4Pro.
Criada há 18 anos, a empresa desenvolve e vende softwares usados por essas empresas, o chamado backoffice. Em 2022, a companhia somou um faturamento de R$ 82 milhões, 20% acima de 2021. A empresa ainda não reportou os números de 2023, mas o potencial de crescimento é evidente.
Segundo Orlandini, há um movimento crescente de seguradoras atentas ao agro, com diversificação de portfólio. “Vemos algumas seguradoras que passaram a atender o agro, e com o passar do tempo, mapearam que, além do seguro para a safra, poderiam atender outras necessidades desse mercado”, diz.
Assim, além de novos clientes, a i4Pro encontrou no agro a possibilidade de ampliar negócios com os que já estão em sua carteira. De acordo com o diretor da empresa, das pouco mais de 100 seguradoras do mercado nacional, a i4Pro atende mais de 40, o que a torna líder desse mercado.
“Entregamos para as seguradoras um serviço pronto, para ela focar a operação no cliente final. Desenvolvemos toda a parte necessária para gestão de apólice, cálculo de prêmio, seguro, resseguro e documentos regulatórios”, diz.
No agro, conta, a i4Pro desenvolveu uma solução que permite emissões de cotações, propostas e apólices e administração dos documentos emitidos pelas seguradoras que atendem produtores e empresas do ramo.
O objetivo da empresa é simplificar esse tipo de emissão. "Os produtores estão buscando seguros personalizados para atender suas necessidades. Assim como busca-se agilidade para resolver um sinistro de carro, também é preciso ser rápido para resolver ocorrências na área rural", diz Orlandini.
A tecnologia da i4Pro também permite às seguradoras a captação de subvenção junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No mercado agro, Orlandini cita que cerca de 13 seguradoras utilizam subvenções do MAPA, e dentro delas, seis utilizam softwares da i4Pro.
“Temos quase metade do market share de seguros subvencionados no agro. De todas as subvenções feitas em 2023, 32% passou pelas nossas soluções”, afirma.
Orlandini explica que a ideia é que uma seguradora junte essa tecnologia da i4Pro, que agiliza a emissão de documentos, com a de outras empresas mais focadas em sensoriamento remoto e análise de dados geoespaciais, que servem para dar mais precisão aos riscos de um seguro rural.
Com essa penetração em todos os tipos de seguros, a i4Pro possui produtos para além da colheita, como seguros de animais, bens e equipamentos do produtor.
Já o percentual de prêmios emitidos pela i4Pro com as seguradoras que atuam com a empresa nesses serviços para o agro foi de 28% em 2023.
Uma oportunidade de mercado vista pela i4Pro é o crescimento da busca pelo seguro paramétrico. O termo se refere a apólices acionadas a partir de um índice pré-definido, acertado entre o produtor e a seguradora, em função das características locais.
Na prática, essa modalidade visa proteger o produtor rural da exposição a condições climáticas adversas, sendo vinculado à produção da propriedade ou não.
De acordo com Orlandini, dentre as seguradoras que emitem seguro rural no País, 30% lançaram em 2023, ou estão trabalhando para lançar em 2024, o seguro paramétrico.
“Nessa safra, observamos uma série de situações climáticas que acabaram afetando o produtor rural, e a adesão desse tipo de seguro pode ser uma opção para minimizar os danos causados por esses eventos de forma menos burocrática e mais personalizada às suas necessidades”, explica o diretor.