Romário Alves nasceu no interior do Espírito Santo, na localidade de Piaçu, distrito de Muniz Freire, município localizado a três horas de distância da capital do estado, Vitória.

Filho de pais produtores de café, trabalhou na plantação da família desde adolescente. Já adulto, foi trabalhar em Minas Gerais, na cidade de Divino, como consultor agronômico para o Banco do Brasil e para a Caixa. Em 2013, fundou a Sonhagro, com o propósito de ser a primeira franquia de crédito rural do país.

Passados dez anos e parcerias de peso com bancos como Santander, BB, Caixa e cooperativas como Sicredi e Sicoob, a empresa agora tem novos sonhos. Alves busca investidores para um fundo próprio e espera fechar 2023 com R$ 1 bilhão em crédito cedido a produtores.

CEO da empresa, ele afirma que a ideia com o fundo é complementar as opções de crédito aos clientes. Atualmente, a rede possui 50 franquias espalhadas pelo Brasil e atua como um intermediário entre esses bancos e cooperativas, que são os donos do dinheiro, e o produtor.

No negócio, o crédito cedido atende tanto demandas de custeio quanto de investimento, com perfis variados de renda e cultura. “Temos até mesmo grandes artistas do mercado sertanejo que fazem operações de crédito rural”, conta.

No ano passado, a rede da Sonhagro concedeu R$ 256 milhões em crédito, com cada franqueado com uma dinâmica diferente. “Tivemos um franqueado que conseguiu, sozinho, entregar R$ 75 milhões em crédito rural em seis meses, a partir do início do plano safra passado”, comenta Alves.

A meta de R$ 1 bilhão até o final do ano passa por uma estratégia de abrir novas franquias até dezembro. A ideia, de acordo com o executivo, é ter 100 unidades neste ano e 300 em alguns anos.

O processo é similar a quem abre uma franquia de um restaurante, por exemplo. A exigência, no caso da Sonhagro, é a de que o franqueado tenha expertise prévia no segmento.

“Temos agrônomos, veterinários, contadores, economistas, bancários e até caminhoneiros na nossa rede, mas todos possuem um vínculo no meio”, explica. A Sonhagro ainda treina esse franqueado e presta serviços do chamado “backoffice”, ou seja, as áreas mais administrativas.

Existem três modelos de franqueado na Sonhagro. No mais inicial, chamado de home based, o negócio pode ser tocado por uma pessoa só, num investimento inicial de R$ 19 mil. “Geralmente o franqueado é alguém com uma certa expertise em consultoria, como um bancário que quer começar a empreender”, comenta o CEO.

No modelo intermediário, chamado de AgroRoom, a empresa já necessita de uma sede externa de cerca de 15 metros quadrados. O modelo de mais robustez é o chamado de Comercial, em que a franquia tem uma loja no primeiro piso, com espaços a partir de 30 metros quadrados.

Por operação de crédito, o franqueado pode faturar de 0,5% a 5% do total concedido. Segundo Romário Alves, o ticket médio da Sonhagro é de R$ 130 mil, o que traria um valor entre R$ 650 e R$ 6,5 mil.

Romário Alves, CEO da Sonhagro

A Sonhagro recebe 25% do que cada franqueado ganha nas operações home based, 19%, nas de AgroRoom e 17% das comerciais.

Nesse modelo, a empresa obteve em 2022 um crescimento de 35,9% em relação ao ano anterior, alcançando uma receita de cerca de R$ 1,2 milhão.

Quando criou o negócio, Alves não adotou o modelo de franquias ou mesmo a marca Sonhagro. Para homenagear sua terra natal, o primeiro nome da empresa foi Piaçu Consultoria Rural. A atividade inicial era a prestação de consultoria de crédito a produtores.

Em 2015, conforme a rentabilidade do negócio ia aumentando, decidiu abrir novas unidades próprias, o que não deu certo. Ainda com a ideia de levar a empresa para outros lugares, conversou com seu amigo Robson Fejoli, diretor do Instituto Gourmet Brasil, e recebeu a dica das franquias.

Foi nesse momento que Alves trocou o nome da empresa para Sonhagro, devido a um problema de registro de marca, e abriu as primeiras franquias.

Para além da franquia de crédito em específico, o segmento tem apresentado uma crescente no Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor registrou um crescimento de 17,2% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A marca anterior de mais de R$ 43 bilhões foi ultrapassada com esse aumento, que resultou em uma receita total superior a R$ 50 bilhões.