A agfintech Farmtech tem números que impressionam para uma empresa jovem - já nem se pode mais chamá-la de startup. No ano passado, a empresa originou R$ 6,5 bilhões em crédito para compra de insumos. E garante que vai bater os R$ 10 bilhões esse ano.
Seu negócio principal é o financiamento de produtores rurais na compra de insumos agrícolas, por meio de parcerias com as indústrias e as revendas. O modelo tem prosperado, mas a Farmetch sabe que tem uma fatia grande desse mercado a conquistar: o barter.
“Ainda estamos pensando em uma forma de viabilizar essa opção. Nós sabemos que atende muito as necessidades do produtor, daria uma maior liberdade de escolha”, afirmou ao AgFeed Ricardo Alves, sócio e cofundador da empresa.
O barter é um dos instrumentos mais utilizados na relação comercial entre produtor rural e revendedores de insumos. Neste tipo de operação, o agricultor compra os insumos e faz o pagamento dos valores devidos após a colheita. Não em dinheiro, mas com o que produziu.
A solução própria para atuar com barter é uma das estratégias que estão em gestação na empresa para manter o ritmo de crescimento na casa dos 50% anuais. “Esse mercado gira mais de R$ 300 bilhões, tem muito espaço”, diz Rafael Pilla, CEO e outro cofundador.
“Precisamos chegar em um formato que seja digital e que consiga alcançar um grande número de produtores. Não vamos lançar isso no curto prazo, mas estamos trabalhando na solução”, conta Pilla.
A Farmtech também trabalha em um projeto para levá-la além das revendas, chegando às concessionárias de máquinas agrícolas. Também não há prazo para lançamento, mas o conceito já está definido.
“Queremos ter uma atuação parecida com os bancos de montadoras, mas também com diferenciais, como fazemos no mercado de insumos”, conta Ricardo Alves.
O modelo atual, junto às revendas de insumos, é o de uma parceria em que a Farmtech assume a operação de crédito e seus riscos, enquanto as empresas fornecem os dados de produtores e clientes para que a fintech possa fazer a análise.
“Não atuamos como um banco digital, o produtor não vai abrir uma conta conosco. Nós fazemos todo o trabalho sem que o produtor saiba que estamos ali”, explica Rafael Pilla.
Os recursos utilizados para o crédito vem de uma estrutura própria de capital. Para isso, a Farmtech tem, dentro da sua estrutura, uma gestora de fundos, cujo patrimônio hoje está em cerca de R$ 4,7 bilhões, segundo Pilla.
A fintech utiliza cerca de R$ 400 milhões como capital para viabilizar suas operações. “Estamos bem confortáveis em relação ao capital para suportar o crescimento que projetamos. Não vamos precisar de mais”, diz o CEO da Farmtech.
Os fundos são fechados, e os investidores são institucionais, ou seja, fundos de pensão e até mesmo grandes bancos.
“Por conta do tipo de relação que os bancos comerciais têm com os clientes, eles não conseguem fazer o que fazemos. Temos um relacionamento totalmente digital com os parceiros. Isso diminui muito o nosso custo de crédito”, explica Pilla.
Sobre o risco de crédito, a análise de crédito é bastante criteriosa. “Nós atendemos somente aqueles produtores que têm históricos muito bons. A nossa inadimplência é baixíssima”, diz o CEO.
Além da sua própria base de dados, a Farmtech conta com o acesso a dados das indústrias e das revendas para fazer suas análises. “Antes de a safra começar, já temos limites pré-aprovados para os produtores clientes de cada revenda”.
A Farmtech atua tanto no financiamento da compra de revendas junto às indústrias, quanto na ponta dos produtores. Pilla conta que atualmente, a carteira está dividida em 50% para cada um destes segmentos. Empresas como Syngenta, Yara, Adama e UPL são parceiras da Farmtech.
Na ponta das revendas para os produtores, a fintech tem parceria com quatro das oito maiores redes do país, além de outras 65 empresas de menor porte no segmento.