Uma gestora de investimentos totalmente voltada para o agronegócio já é uma novidade. Com sede em Londrina, no norte do Paraná, longe do centro financeiro do país, pode chamar ainda mais atenção.

Para a Kijani, fundada em 2021, nada disso tem feito diferença. A empresa “pé vermelho” – como os paranaenses se referem aos moradores da região, numa relação com a cor do solo fértil existente ali – em pouco tempo reuniu investidores no quinto maior Fiagro do mercado e já fez uma aquisição com sua área de private equity.

É neste último segmento que o CEO da Kijani, Bruno Santana, decidiu priorizar suas apostas nos próximos meses. “Nós fizemos a aquisição da Geneslab em 2022, e o plano é fechar mais uma até o fim deste ano”, afirmou ao AgFeed. “Para 2024, queremos dar um impulso maior para o private equity, com mais operações”.

A Geneslab é uma empresa que atua em auditoria e controle de qualidade nas produções agrícolas, inclusive para máquinas e equipamentos.

Santana tem em sua experiência profissional atuação principalmente com fundos que adquirem participações em empresas mais maduras, ou private equity. Neste momento, a Kijani avalia duas empresas para realizar a compra de participação que está nos planos para 2023.

“No caso da Geneslab, nós quase dobramos o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) desde que entramos”, conta o executivo.

Mas a Kijani também quer ampliar sua atuação em fundos. O Fiagro da gestora, chamado de Kijani Asatala, tem cerca de R$ 670 milhões de patrimônio. Com a primeira emissão feita em fevereiro de 2022, hoje, segundo Santana, trata-se do quinto maior do mercado.

“O fundo é voltado para pessoas físicas, com investimento inicial de R$ 15 mil”, diz o CEO da Kijani.

Um dos objetivos da gestora, de acordo com Santana, é oferecer aos investidores do mercado financeiro uma visão mais ampla sobre a cadeia do agronegócio. O Fiagro atua nesse sentido, diversificando os emissores de dívida que fazem parte do fundo.

“Temos mais de 30 emissores neste Fiagro. Cerca de um terço são produtores rurais propriamente. Os outros fazem parte de toda a indústria, temos até uma empresa de embalagens”, conta Santana.

Além de mostrar toda a cadeia, outra estratégia da Kijani, segundo seu CEO, é mitigar os riscos para os investidores, até por conta do perfil buscado pela gestora, de pessoas físicas. “Não temos qualquer problema de crédito no fundo, porque estamos pulverizados em setores e em regiões do país”.

Para Santana, esta diversificação é importante quando se trata de um setor tão cíclico quanto o agronegócio. “Tivemos um momento extraordinário no ano passado, mas sabemos que não dura para sempre. Então, nesta diversidade de segmentos dentro do agro, nosso objetivo é escolher os campeões de cada um para fazer parte do fundo”.

Um dos exemplos dados por Santana é o de uma cooperativa de produtores de carne suína, do oeste do Paraná. Por conta do aumento nos preços dos grãos, a empresa teve dificuldades com o aumento nos custos de produção em 2022.

“Acontece que esta cooperativa tem um perfil muito sólido. Os produtores não terminaram o ano felizes, mas é uma empresa vencedora no setor. Quem está no topo da pirâmide será o último a sofrer, sempre”, afirma.

Por conta do sucesso conseguido com seu primeiro Fiagro, a Kijani pretende ampliar a atuação ainda este ano. “Podemos fazer um follow-on deste fundo já aberto, abrir um novo indexado ao IPCA, ou os dois”, diz Santana.

Santana acredita na diversificação também quando se trata do que será oferecido de retorno para os investidores. “Os Fiagros podem se diversificar mais neste sentido também. Fundos em dólar, que misturem ativos imobiliários rurais, trocando CDI por IPCA”.

No relatório mais recente sobre o seu Fiagro, a Kijani informa que a rentabilidade chegou à média de CDI mais 3,7% ao final de maio, com meses atingindo prêmio de 5,7%, conseguido em abril, até a mínima de 1,3%, agora em maio.

As variações na rentabilidade seguem a dinâmica dos mercados que fazem parte do agronegócio, tendo influência inclusive das cotações internacionais de commodities.