O interesse é grande, os investidores estão próximos e as oportunidades batendo à porta. Com todo o cenário favorável como estímulo, a gestora Makalu Capital Solutions entrou em campo. Ou melhor, no campo.

A empresa paulista de investimentos anunciou a criação de uma área dedicada ao agronegócio. E, para lidera-la, foi a mercado buscar um capitão experiente. Conseguiu atrair Ricardo Brito, com 16 anos de experiência na estruturação de operações no Rabobank – banco cooperativo holandês que se tornou referência global no agro -- para comandar sua nova aposta no setor.

A Makalu já tinha circulado no mundo agro anos atrás, praticamente na época em que iniciou as operações, quando ajudou a reestruturar as dívidas do famoso grupo Itamarati, do "Rei da Soja" Olacyr de Moraes. Depois ganhou destaque em outras investidas, como no lançamento de um FDIC da Koppert, de produtos biológicos, no valor de R$ 200 milhões no início deste ano.

Logo em seus primeiros passos dentro da gestora, Ricardo Brito diz que identificou um potencial de R$ 5 bilhões em operações para empresas da cadeia agropecuária.

“Nós já temos R$ 700 milhões em projetos que podem receber recursos. Há um único projeto, que ainda não está nesta conta, que pode chegar a R$ 1,5 bilhão, para sair no final do ano”, contou Brito com exclusividade ao AgFeed.

As expectativas da Makalu se baseiam na visão que vem sendo reforçada por diversas gestoras sobre o potencial de crescimento do agronegócio no mercado de capitais. A comparação entre os Fiagros, que hoje totalizam cerca de R$ 12 bilhões e o mercado imobiliário, que chega a R$ 200 bilhões tem sido frequente entre os executivos do mundo financeiro.

Acredita-se que, ao responder por mais de um quarto do PIB brasileiro, o agro possa chegar a R$ 1 trilhão, como disse a própria CVM em entrevista recente ao AgFeed.

Luiz Prado, sócio da Makalu Partners, empresa de assessoria financeira que recentemente montou a gestora, conta que a ideia de montar operações de crédito privado para o agronegócio veio das próprias empresas.

“Nós já tínhamos R$ 4 bilhões em operações de assessoria apenas no segmento agro. Sempre fomos questionados sobre atuar na captação de recursos no mercado. Por isso convidamos o Brito”, diz Prado.

Brito explica que o potencial de R$ 5 bilhões vem da disponibilidade de recursos vindos de investidores dispostos a correr mais riscos. Esse é o chamado capital Junior, que em caso de problemas nos ativos que compõem um instrumento de captação no mercado, fica em último na lista de prioridade para receber o dinheiro de volta.

“Para compensar, o retorno também é maior. Muitos investidores estão dispostos a ter essa relação de risco e retorno. Isso atrai o interesse de outros grandes investidores com disposição menor a riscos, como bancos e fundos multimercado”, explica Brito.

Por conta disso, ele afirma que o capital Junior é o “dinheiro mais difícil de achar. Depois, fica mais fácil conseguir o restante”. Brito acredita que a Makalu precisa, neste primeiro momento, de até R$ 35 milhões em capital Junior para viabilizar os projetos que já estão em análise. “Nesta busca, já encontramos uma demanda de R$ 150 milhões. Isso é suficiente para levantar até R$ 5 bilhões para financiar as empresas”, diz o novo sócio da Makalu Capital.

Análise personalizada

Brito afirma que a captação de recursos para as empresas pode acontecer por diversas vias, como FIDC, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, Fiagro ou Certificado de Recebíveis do Agronegócio, o CRA.

“O mais importante é que oferecemos uma solução muito personalizada. Olhamos para cada empresa e para cada operação de forma artesanal”.

A divisão dos riscos entre vários perfis de investidores acaba barateando o custo do dinheiro para as empresas, que muitas vezes conseguem custos menores que os encontrados em bancos atualmente, segundo os sócios da Makalu.

“Varia muito de acordo com a empresa e o tipo de operação. Mas no geral, conseguimos taxas entre CDI mais 4% e CDI mais 7% ao ano”, diz ele.

Luiz Prado conta que uma operação para uma empresa do setor sucroenergético, que está sendo montada, deve ficar abaixo deste patamar, “em torno de CDI mais 3%".

Isso é possível porque o capital Junior, que demanda a maior remuneração nas operações, representa entre 3% e 5% do total investido. “Nós conseguimos calibrar os vários níveis de risco para conseguir um custo bom para as empresas que são nossas clientes”, explica Brito.