O Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) está em fase de transição. Enquanto aguarda a posse de Fernando Lemos na presidência, no lugar de Cláudio Coutinho, o banco gaúcho vai ganhando força no agronegócio, que representa 40% da economia do estado.

Na safra 2022/2023, até a semana passada, o Banrisul desembolsou R$ 8,6 bilhões em crédito rural, um crescimento de 76% em relação ao total contratado na safra 21/22.

“Tínhamos uma meta de R$ 7 bilhões para esta safra, e realizamos 120% deste valor. Nos últimos quatro anos, nós começamos a colocar em prática um projeto de fortalecimento do agronegócio dentro do banco”, diz Osvaldo Pires, diretor de Crédito do Banrisul.

Neste período, segundo Pires, o banco quadruplicou sua participação no total de crédito rural liberado no Rio Grande do Sul. “Saímos de 4% para 16% de market share nestes últimos quatro anos”.

O Banrisul conseguiu estes números mesmo em um período difícil para o agronegócio no estado, depois de duas safras consecutivas muito prejudicadas pela seca.

“Estimamos que houve uma quebra de 50% na safra anterior, de 21/22. Nesta safra atual, a estimativa é de perdas menores, entre 30% e 35%. Dentro das possibilidades, contando também com a cobertura de seguros, alongamos o que foi possível para os produtores, e os valores renegociados ficaram abaixo do esperado”, diz Pires.

Ele ressalta que foram três anos seguidos de ocorrência do fenômeno meteorológico La Niña, que trouxe períodos de estiagem para o estado.

“No entanto, os produtores do estado vinham de um ciclo de quase 10 anos de safras boas, então eles estavam capitalizados para enfrentar, pelo menos em parte, estas dificuldades”, diz o diretor do Banrisul.

Para a próxima safra, Pires ainda não tem o volume que o Banrisul pretende desembolsar em crédito rural. Mas antecipa que em termos de produtividade, o Rio Grande do Sul apresentará números melhores que nos últimos dois períodos.

“Este é o lado bom do clima mais favorável que devermos ter no estado, especialmente no verão, com mais chuvas trazidas pelo El Niño. Por outro lado, os preços das commodities agrícolas devem permanecer menores que nas últimas safras”, afirma Pires.

Para o executivo, alta da produtividade deve compensar os preços menores. “Outro ponto positivo está nos custos, com os insumos também mais baratos. Podemos ter mais problemas nas safras de inverno, porque o El Niño intensifica o frio”.

Pires acredita que, por conta da relevância que o agronegócio tem no estado, e ganhou no banco nos últimos anos, o próximo presidente não deve alterar totalmente a rota. “Pode haver algum tipo de ajuste, mas acredito que o banco continuará neste rumo”.

O diretor de Crédito reforça esta tendência com o plano de conversão de agências que o Banrisul já coloca em prática no interior do Rio Grande do Sul.

O banco tem sete agências que foram convertidas em escritórios de negócios voltados somente para o agro. “Temos mais 11 agências em fase de projeto para esta conversão, e mais 13 em fase de estudo”, conta Pires.

Hoje, o crédito rural responde por quase 17% da carteira total do banco, que vai anunciar os planos para a safra 2023/2024 no dia 6 de julho.