Na COP 30, parece haver duas conferências acontecendo ao mesmo tempo. Isso porque a Green Zone, aberta ao público em geral, tem outra vibração em comparação com a Blue Zone, área restrita a negociadores e imprensa. O visual é mais colorido, dominado pelo verde – o que faz sentido em plena Amazônia – e a organização lembra, em certa medida, as feiras de máquinas agrícolas. Já na Blue Zone, o cinza asséptico dos corredores reforça uma certa sensação de distanciamento.
Haja sola de sapato
Não ajuda muito também o fato de que as duas áreas ficam distantes uma da outra dentro do Parque da Cidade, que sedia a COP. O percurso exige pelo menos dez minutos de caminhada (rápida), fora a revista obrigatória entre uma zona e outra. É o tipo de logística que pede fôlego, paciência e muita sola de sapato.
Locais em um espaço, gringos em outro
As diferenças também aparecem no perfil do público. Na Green Zone, predominam visitantes locais, perceptíveis pelo sotaque, pela espontaneidade e até pelos acessórios. Estrangeiros surgem aqui e ali, e parecem perdidos. Na Blue Zone, acontece o inverso: o fluxo é majoritariamente de delegações internacionais. E é ali que estão as decisões – longe da agitação popular do outro lado do Parque da Cidade.
É normal
Segundo uma fonte acostumada às conferências do clima, essa divisão não é novidade. “O pessoal passa um dia na Green Zone, para dar uma olhada e dizer que esteve lá, e depois se concentra na Blue Zone”, disse. “Quem quer ser visto na COP fica na Blue Zone.”
Cuidado com as mangas!
Ao caminhar pela Avenida Nazaré, na região central de Belém, este repórter se viu desviando de mangas caindo das árvores – o que é normal nesta época do ano por aqui, com os pés de manga cheios de fruto. Há quem aproveite, comendo a fruta ali mesmo na calçada. Para outros, é motivo de preocupação. “Vai que cai em cima do carro”, brincou um taxista.
A água mineral da COP (que não é do Pará)
Entre os detalhes curiosos do evento está uma certa “água da COP 30”, oferecida gratuitamente a alguns visitantes (a venda é proibida). O rótulo traz o Curupira, mas a água não é paraense: vem de Indaiatuba (SP), produzida pela paulista Bebidas Poty.
Nas salas de imprensa da Blue Zone, a mesma coisa: geladeiras exibem marcas como Mamba, da Better Drinks, empresa paulista que tem a Heineken como sócia. Nos estandes, está a venda a Serras da Cunha, de Cunha (SP), pertencente ao grupo paulista Águas Prata. Mas a conferência mantém o discurso até nas bebidas: tudo é oferecido em embalagem Tetra Pak – caso da “água da COP” – ou latas. Nada de plástico.
Faz calor dentro da Blue Zone
Se na sala de imprensa e nos corredores, o ar-condicionado funciona bem, não se pode dizer o mesmo do espaço com os estandes dos países na Blue Zone. Faz muito calor neste ponto da COP, levando os frequentadores a continuarem apelando aos leques de papel, como já relatado ontem. Além disso, permanece a sensação de que a estrutura da Blue Zone segue em obras. Ao longo desta tarde, marceneiros estavam a todo vapor montando estruturas pelos corredores.