Faltando 100 dias para a COP 30, que será realizada em Belém (PA), e evidenciando o esforço de trazer a iniciativa privada para as discussões públicas do evento, um grupo de empresas de alto escalão nacional se uniu em um projeto de fomento.

Juntos, Bradesco, Itausa, Itaú, Natura, Nestlé e Vale criaram a C.A.S.E. (sigla para Climate Action Solutions & Engagement, ou Soluções e engajamento para ações climáticas, numa tradução livre), projeto que tem como objetivo “impulsionar projetos relacionados ao clima e à natureza”.

“O setor privado tem papel fundamental na promoção e implementação das soluções climáticas. O Brasil pode ser um importante protagonista nas soluções para o clima e natureza com justiça social. A iniciativa da C.A.S.E. será uma grande contribuição para avançar nos objetivos da COP30”, afirmou, em nota, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.

Segundo o próprio documento de apresentação do projeto, a C.A.S.E. irá selecionar histórias de soluções climáticas e socioambientais brasileiras da iniciativa privada que estejam alinhados com os debates prioritários da COP30, como Financiamento Climático, Bioeconomia, Transição Energética, Sistemas Alimentares, Economia Circular, Infraestrutura e Transição Justa.

A iniciativa foi lançada em um evento em São Paulo (SP) nesta segunda-feira, 4 de agosto, na sede do Cubo, do Itaú, e contou com a participação de executivos das empresas envolvidas, além de autoridades da COP, como Dan Ioschpe, André Corrêa do Lago e Ana Toni. O evento faz parte da Climate Week, que ocorre durante toda a semana na capital paulista.

A ideia é que esse grupo de empresas reúna essas iniciativas e faça uma primeira apresentação dessas “soluções climáticas” na COP30 em novembro.

Por mais que no documento de apresentação do projeto não se encontre a palavra “agro” ou alguma variação do termo, o setor deve estar presente nessa busca por esses negócios de impacto.

Durante a apresentação, a diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú Unibanco, Luciana Nicola, citou que já existem muitos cases a serem mostrados para quem vem de fora e elencou nominalmente energias renováveis, biocombustíveis e práticas de agricultura regenerativa.

“Não há ninguém melhor que o Brasil para ser um país referência e mostrar essas oportunidades”, disse.

Silvana Machado, diretora executiva de sustentabilidade do Bradesco, acrescentou que a ideia é levar casos reais da atuação do banco no agro, seja alguma parceria ou financiamento dentro da cadeia que esteja dentro desse escopo de sustentabilidade.

“Queremos levar casos que mostram como nós, uma instituição financeira, trabalhou junto com os nossos clientes, seja em engajamento, conscientização, letramento, mas também financiamento”, disse Machado.

Fabiana Costa, head de sustentabilidade do Bradesco, acrescentou que é importante trazer a realidade do agronegócio brasileiro para o exterior.

“Quando a gente fala numa agenda de mudanças climáticas, a agenda do agronegócio traz características que hoje não são vistas em contextos globais”, citou.

Costa também acha que o C.A.S.E pode se tornar uma vitrine para destravar novos investimentos. “É fazer com que essas práticas que já executamos se tornem mais fortes e escaláveis, atraindo funding”, disse.

“Quando a gente ouve que algumas agendas da COP demandam financiamento para serem destravadas, como por exemplo descarbonização, precisa-se de recursos internacionais. E para atrair esse capital precisamos montar uma agenda qualitativa e também quantitativa, de impacto, e colocar o Brasil para ser exemplo para outros países”, disse a executiva.

A vice-presidente de sustentabilidade da Natura, Ana Beatriz Costa, conta que a ideia de criar o projeto partiu do Itaú, na intenção de unir empresas que já atuassem de alguma forma na Amazônia para fomentar iniciativas voltadas à sustentabilidade. Nisso, a Natura foi uma das primeiras a participar das conversas de elaboração do que se tornou agora o C.A.S.E.

“Estamos há 25 anos na região, então pensamos em nos juntar para criar novas ideias, escalar e chamar outras empresas para promover debates, pensar em financiamentos e soluções customizadas que fazem sentido”, disse. Junto a isso está a intenção de anunciar alguma iniciativa na COP30.

Gustavo Bastos, Vice-Presidente Jurídico & Assuntos Públicos da Nestlé Brasil, cita que a empresa recebeu o convite para fazer parte da iniciativa e que o mesmo foi aceito rapidamente, por entender que a Nestlé tem uma expertise grande em agricultura regenerativa.

“Tem muita coisa já em andamento e essa potencialização realmente vai ajudar para que elas continuem sendo implementadas e cada vez mais para que façam a diferença nessa situação da crise climática que a gente vive”, disse a jornalistas durante o evento.

Segundo ele, hoje mais de 40% dos ingredientes das cadeias do cacau, café e leite, as cadeias principais para a Nestlé no Brasil, já são oriundos de produtores que atuam com práticas de agricultura regenerativa.

“Então, se a gente não for dando esses passos relevantes, a gente não tem como realmente entregar uma cadeia sustentável”, acrescentou.

Resumo

  • Bradesco, Itaú, Itaúsa, Natura, Nestlé e Vale criam plataforma conjunta para identificar projetos de impacto climático e socioambiental no Brasil
  • Cases selecionados devem abordar temas como bioeconomia, agricultura regenerativa, transição energética e financiamento verde