A controvérsia sobre o tamanho da soja brasileira, que pelo visto não tem sido capaz de mudar a trajetória de queda nas cotações, ganhou mais uma novidade nesta sexta-feira: uma previsão de safra na direção contrária do que vinha sendo visto desde o início do ano.

A consultoria StoneX divulgou uma revisão dos números e elevou para 151,55 milhões de toneladas sua estimativa para a safra de soja 2023/2024. O volume fica acima dos 150,35 milhões de toneladas previstos em janeiro, mas ainda é 4% menor do que o total produzido no País na safra 2022/2023.

Em comunicado, a consultoria informou que o ajuste se deve a perspectivas mais otimistas para a produtividade das lavouras nos estados de Goiás, Maranhão, Tocantins, Piauí, Pará e Bahia.

"Observou-se ao longo das últimas semanas bons volumes de precipitação em grande parte das regiões produtoras de soja, o que beneficiou a condição das lavouras, principalmente das plantadas mais tarde", diz o relatório.

A previsão é a primeira de uma série de cortes que as maiores consultorias do País vêm fazendo nas projeções para a produção de soja. O clima seco que derrubou a produtividade em áreas importadores de Mato Grosso, maior estado produtor, é o principal motivo para a expectativa de uma colheita menor.

Porém, segundo relatório da Pátria Agronegócios, divulgado nesta sexta-feira, 85% das lavouras de Mato Grosso já foram colhidas. No Brasil a colheita atingiu 46% da área que foi plantada, o que mostra um ritmo um pouco mais rápido em relação à média dos últimos cinco anos e 3 pontos percentuais acima do que estava colhido na mesma época do ano passado.

A partir de agora, o resultado dos outros estados produtores – que tiveram menos problemas climáticos se comparados à Mato Grosso – é que vai ditar os volumes disponíveis de soja no Brasil.

A Stone X ressaltou que “parte considerável da safra ainda precisa ser colhida e, portanto, novas revisões ainda podem ser realizadas”.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, que deve se consolidar como o segundo maior estado produtor nesta safra de soja, a colheita ainda não começou. Já no Paraná, que disputa este segundo lugar no ranking, 67% das lavouras foram colhidas, segundo a Pátria.

O relatório da Stone X alerta para outra informação que costuma pressionar para baixo os preços da soja. Os estoques finais foram elevados para 3,25 milhões de toneladas, contra a estimativa anterior de 2,06 milhões de toneladas.

Em relação ao tamanho da safra, a projeção mais pessimista segue sendo a que foi feita pela Aprosoja Brasil, entidade que representa os produtores, prevendo 135 milhões de toneladas.

Entre as consultorias, a menor projeção é da Pátria Agronegócios, com 143,18 milhões de toneladas. Outras empresas como Safras & Mercado e Cogo Inteligência Estratégica seguem prevendo volume um pouco abaixo de 150 milhões de toneladas. Há uma semana a equipe do Rally da Safra, da Agroconsult, que está percorrendo as principais regiões produtoras, cortou sua estimativa, considerando queda de mais de 7% na produtividade brasileira. Ainda assim, prevê a colheita de 152,2 milhões de toneladas.