A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou nesta quarta-feira, 19 de março, as previsões setoriais para 2025. O destaque foi a disparada de 129,5% na estimativa para a reserva total de óleo de soja no final do ano, ante a estimativa anterior, de fevereiro.

Na nova previsão, a Abiove estima um estoque de 516 mil toneladas de óleo bruto e refinado, contra 225 mil toneladas de estoque na estimativa do mês passado, uma variação de 291 mil toneladas.

Um fator importante foi a revisão dos dados previstos para no consumo interno, de 10,5 milhões para 10,1 milhões de toneladas na mesma base de comparação. A redução de 3,8% trouxe uma variação de 400 mil toneladas na demanda entre as estimativas, que é somada ao estoque final estimado.

Ao AgFeed, a Abiove informou que a redução na demanda pelo óleo de soja para a produção do biodiesel, com adiamento da elevação do porcentual do biocombustível ao diesel de petróleo, foi a causa da revisão nos estoques.

A mistura deveria saltar de 14% para 15% em 1º de março, mas a elevação foi adiada pelo governo para conter a alta no preço do combustível vendido nos postos, já que o biodiesel é mais caro.

Parte desse crescimento no estoque ocorreu também na pela revisão do estoque de passagem entre 2024 e 2025, que saiu de 175 mil para 466 mil toneladas, uma variação de 166,6%, ou 291 mil toneladas entre as estimativas.

Se confirmado em 516 mil toneladas, o estoque final de 2025 será o segundo maior em ao menos oito anos, perdendo por pouco para o de 2022, com 520 mil toneladas.

A produção esperada pela entidade para 2025 foi mantida em 11,45 milhões de toneladas de óleo, recorde histórico se confirmada. A exportação de óleo cresceu 27,3% ante estimativa anterior, ou 300 mil toneladas, para 1,4 milhão de toneladas. Já a importação de óleo recuou de 200 mil para 100 mil toneladas.

Soja e farelo

A Abiove elevou também os estoques iniciais de soja em grão em 2025 em relação ao levantamento de fevereiro, de 3,190 milhões para 4,137 milhões de toneladas, variação de 29,7%

O estoque de soja em grão deve encerrar o ano em 9,1 milhões de toneladas, ante 8,96 milhões de toneladas da projeção de fevereiro. Se confirmado, o volume reservado ao final de 2025 será recorde e 131% superior ao do final de 2024, de 3,940 milhões de toneladas.

Para a oferta nacional da oleaginosa, houve uma leve redução de 0,5% sobre a estimativa anterior, de 171,7 milhões para 170,9 milhões de toneladas, ainda um recorde histórico.

No caso do farelo, as variações foram pequenas entre as estimativas de fevereiro e março da Abiove. O estoque inicial variou 3,3%, para 2,578 milhões de toneladas e o final cresceu 2,4%, para 3,579 milhões de toneladas.

A oferta esperada é a mesma, de 44,1 milhões de toneladas, com exportações de 23,6 milhões de toneladas e consumo interno de 19,5 milhões de toneladas de farelo.

Divisas

A queda generalizada nos preços em dólar da soja em grão, farelo e óleo deve gerar menos divisas com as exportações no complexo soja. A receita deve atingir US$ 51,57 bilhões de dólares em 2025, queda de 4,4% sobre os US$ 53,943 bilhões de 2024 e bem longe dos US$ 67,317 bilhões de 2023, estima a Abiove.

O volume exportado deve ser recorde para o complexo soja, em 131,1 milhões de toneladas em 2025, alta de 6,3% sobre 2024.

Apesar da alta no volume exportado, o faturamento com as vendas externas de soja em grão deve somar US$ 42,440 bilhões, abaixo dos US$ 42,942 bilhões do ano passado e mais de US$ 10 bilhões menor que os US$ 53,241 bilhões de 2023.

O faturamento com exportações de farelo deve atingir US$ 7,906 bilhões e as de óleo US$ 1,225 bilhões em 2025, de acordo com a Abiove.