Na véspera da eleição dos Estados Unidos e em meio à disparada das exportações de proteína animal para a China, o empresário Wesley Batista, conselheiro e acionista da JBS e da Pilgrims Pride, defendeu a diplomacia nas relações comerciais e geopolíticas entre o Brasil e seus dois maiores parceiros comerciais.
Para o empresário, o Brasil não tem de tomar parte em disputas internas e deve investir na ampliação de novos mercados.
Apesar de o governo brasileiro externar sua preferência pela vitória da democrata Kamala Harris, o empresário, com operações em 27 estados norte-americanos e 70 mil funcionários naquele país, evitou falar de política no AgroForum BTG Pactual, em São Paulo.
“O Brasil tem de manter uma boa diplomacia, tem de se relacionar com o mundo. O Brasil não tem de tomar parte, tem de ter uma ótima relação comercial com as duas maiores economias do mundo”, afirmou.
Batista preferiu elogiar as facilidades tributárias e trabalhistas para investimentos nos Estados Unidos e comparou as duas áreas com o custo Brasil das operações da companhia em seu país de origem.
“O departamento tributário lá (nos Estados Unidos) tem 18 pessoas para a empresa inteira e temos 300 pessoas. O departamento jurídico tem 10 pessoas e não tem uma ação trabalhista. Só na sede (brasileira) são 200 pessoas e um advogado em cada cidade (com operações da JBS)”, disse.
Segundo Batista, “ser bem-sucedido aqui é sentar na canoa e remar contra o rio nas questões tributária e trabalhista. Nos Estados Unidos é remar a favor da correnteza”.
Wesley Batista lembrou que quando ele começou no mercado, na década de 1990, o Brasil exportava 300 mil toneladas de carne para o mundo inteiro, basicamente para o mercado europeu.
E usou esse número como base de comparação para comemorar o avanço das vendas ao mercado chinês. “Só a JBS vai exportar quase 1 milhão de toneladas para a China este ano, porque a demanda está lá”.
Para o empresário, apesar dos temores quanto a um possível freio, a demanda chinesa continuará crescendo. Mas outros mercados, como Sudeste Asiático, também puxarão a alta na demanda por alimentos e, especialmente, proteína animal.
“Estou confiante, e nós podemos continuar otimistas, porque não vai parar de crescer a demanda por comida”.
Sobre o Brasil, o acionista da JBS admitiu que o País tem problemas, especialmente ambientais, e defendeu que empresários mostrem “o que tem sido feito e não ficar falando em recorde de queimada, recorde disso ou daquilo”.
“Não podemos deixar as exceções contaminarem o País”, concluiu.