Por Eduardo Leão e Renata Meliga
Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o debate sobre restauração de áreas degradadas ganha uma nova perspectiva: a contribuição decisiva do setor de insumos agrícolas como catalisador da sustentabilidade produtiva.
O Brasil, ao mesmo tempo potência agrícola e socioambiental, tem diante de si um desafio e uma oportunidade: alinhar produção e preservação em larga escala.
Com cerca de 30 milhões de hectares de pastagens degradadas, o equivalente a área total plantada em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e 12 milhões de hectares de vegetação nativa a restaurar até 2030, o país avança em duas frentes complementares: o Plano Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) e o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg).
Ambas as políticas se inserem nas metas brasileiras para o Acordo de Paris, que tem como principal objetivo a mitigação dos gases de efeito estufa (GEE) e adaptação à mudança do clima.
A transformação dessas áreas requer um esforço coordenado entre sociedade civil, poder público, iniciativa privada e academia. Esse desafio requer investimentos em inovação tecnológica e aplicação de modelos produtivos sustentáveis.
Nesse contexto, o setor de tecnologias agrícolas assume papel de destaque, liderando iniciativas que combinam pesquisa aplicada, inovação digital e soluções integradas para promover restauração produtiva e ambientalmente responsável dessas paisagens.
Projetos voltados à agricultura regenerativa vêm sendo implementados em diferentes regiões do país, com ênfase no uso de bioinsumos, defensivos cada vez mais seletivos, sementes melhoradas, rotação de culturas e práticas de adubação verde. Esses modelos têm demonstrado eficiência na reestruturação do solo e na contenção da degradação, aliando ganhos de produtividade a benefícios ambientais concretos.
Ao mesmo tempo, programas de incentivo à conservação se apoiam em plataformas digitais que utilizam inteligência artificial e dados geoespaciais para monitorar a restauração em tempo real, permitindo a rastreabilidade dos resultados e a valorização de práticas sustentáveis em mercados de carbono e cadeias certificadas.
A integração de soluções biológicas, com uso de sementes adaptadas e o manejo integrado de pragas e tecnologias de precisão, também tem contribuído para a recuperação de pastagens, reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas e otimizando o uso das já cultivadas.
Na restauração florestal, iniciativas vêm aliando técnicas de recomposição com espécies nativas a mecanismos de bioproteção e controle natural de pragas, garantindo a viabilidade técnica e econômica da restauração em áreas de preservação permanente e corredores ecológicos, com impacto direto sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
Essas experiências demonstram que o setor privado vai além da oferta de produtos, tornando-se um agente estratégico de inovação para a sustentabilidade. O engajamento com metas ambientais nacionais — como o Planaveg e o PNCPD — é fortalecido por parcerias com produtores, cooperativas, centros de pesquisa e fintechs ambientais, promovendo restauração com produtividade e viabilidade.
A incorporação de métricas relacionadas à redução da pegada de carbono e à regeneração do solo nas cadeias produtivas reforça o potencial de transformar também a imagem do agronegócio brasileiro nos mercados internacionais. Ao agregar dados, ciência e rastreabilidade às práticas sustentáveis no campo, o setor contribui para gerar confiança e superar desafios reputacionais.
Recuperar áreas degradadas não é apenas uma demanda ambiental; é uma estratégia econômica, climática e de valorização do campo brasileiro. E o setor de insumos, ao aliar ciência, tecnologia e inovação, demonstra que é possível cultivar soluções para o futuro sem comprometer os recursos do presente.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o Brasil tem a oportunidade de reafirmar ao mundo que é possível produzir, conservar e regenerar com inteligência, parceria e inovação.
Eduardo Leão é presidente da CropLife Brasil.
Renata Meliga é gerente de Comunicação e Clima na CropLife Brasil.