O agronegócio tem se revelado um setor de grande importância para a economia mundial, com destaque para o Brasil, um dos maiores produtores de alimentos, fibras e energia renovável do planeta. No entanto, o modelo tradicional de produção enfrenta desafios crescentes devido a questões socioambientais, como a degradação do solo, as mudanças climáticas e a pressão por práticas mais responsáveis que, se não solucionadas, podem dificultar o acesso dos produtores nacionais aos investimentos.

Por outro lado, podemos afirmar que essa trajetória de crescimento está intimamente ligada a mecanismos de financiamento que possibilitaram a modernização das práticas agrícolas e a expansão da produção.

Para assegurar que o setor continue gerando resultados positivos, é essencial que os produtores adotem abordagens inovadoras que não apenas aumentem a produtividade, mas que também minimizem os riscos envolvidos. Na medida em que esses riscos vão sendo identificados, o mercado tem buscado soluções com foco na sua mitigação.

Práticas de agricultura regenerativa, por exemplo, podem minimizar os riscos ambientais. Já a verificação da cadeia de fornecedores e de suprimentos contribui para prevenir os riscos sociais.

A agricultura regenerativa é uma abordagem que visa restaurar a saúde do solo e aumentar sua resiliência frente aos impactos climáticos. Estudos científicos têm demonstrado a eficiência de práticas, como rotação de culturas, plantio direto e cobertura do solo que, associadas à biotecnologia, têm trazido muitos benefícios para a mitigação dos riscos climáticos.

Há também fatores socioambientais associados à má gestão, que podem trazer substancial prejuízo aos produtores e investidores. Entre os principais riscos desta categoria, estão problemas fundiários, desmatamento ilegal, respeito aos direitos humanos, poluição da água e relações com fornecedores e arrendatários.

Eventuais infrações ligadas a temas socioambientais podem gerar embargos de áreas produtivas, acidentes e multas trabalhistas, além de impacto na reputação, desvalorizando as ações das empresas listadas nas bolsas e restringindo acesso a crédito.

Essas situações têm sido cada vez mais repercutidas à medida que aumenta o entendimento das práticas responsáveis no campo e impacta em toda a cadeia, do produtor até os investidores.

Para mitigar os riscos socioambientais, é crucial implementar programas que garantam uma gestão responsável nas fazendas.

Isso pode incluir desde auditorias, nas quais avaliações periódicas das práticas agrícolas são realizadas para garantir conformidade com as regulamentações, até monitoramento de direitos humanos, em que são verificadas as condições de trabalho nas propriedades rurais para prevenir violações dos direitos dos trabalhadores. Ainda, podem ser realizados treinamentos para as equipes e monitoramento remoto com foco no desmatamento.

Os investidores estão atentos a essa tendência e valorizam as empresas que se destacam pelo compromisso ambiental e social. Portanto, os produtores e empresários do setor que investirem em práticas de agricultura regenerativa e mitigação de problemas socioambientais estarão não apenas protegendo seus negócios, mas também garantindo seu crescimento e relevância.

A mitigação dos riscos no agro é um processo multifacetado que envolve diversas práticas agrícolas inovadoras, monitoramento rigoroso e adoção de princípios éticos. A agricultura regenerativa e o cultivo de variedades de espécies resistentes são fundamentais para enfrentar os desafios climáticos.

Ao mesmo tempo, verificações socioambientais minuciosas e a implementação dos princípios ESG garantem uma gestão responsável nas fazendas. Juntas, essas soluções contribuem para um agronegócio mais sustentável e resiliente no Brasil, minimizando também riscos aos investidores.

Eduardo Trevisan Gonçalves é diretor de ESG e Certificações do Imaflora