Em 2025, a capacidade estática nacional de armazenagem atingiu 213 milhões de toneladas, um crescimento de 0,5% em relação ao ano anterior, segundo a Conab. Enquanto isso, a produção de soja e milho mantém uma alta média anual de 6% desde 2010. O resultado é previsível: o País segue colhendo mais do que consegue armazenar.

Hoje, o Brasil possui 11.921 unidades armazenadoras ativas. O Mato Grosso lidera em capacidade instalada, com 52 milhões de toneladas, e o Rio Grande do Sul concentra o maior número de estabelecimentos (3.278).

Apesar da expansão gradual, o gargalo da armazenagem não se resume à falta de espaço — e esse é o ponto que precisa entrar no debate.

A maior parte das estruturas existentes está tecnologicamente defasada, com investimentos limitados à manutenção, não à inovação. Muitos armazéns ainda operam de forma manual, dependendo do operador para acionar sistemas básicos de aeração, secagem e transporte.

Essa dependência aumenta o risco de deterioração dos grãos, eleva custos operacionais e reduz a eficiência das unidades.

Muito se fala sobre a urgência de ampliar o número de silos e armazéns, e de fato isso é necessário. Mas há uma lacuna importante no debate: as milhares de unidades já em funcionamento, muitas delas com mais de 15 anos de operação, continuam com a mesma lógica de controle e automação de quando foram inauguradas.

Modernizar essas estruturas é o caminho mais imediato e viável para aumentar a eficiência operacional do País. Automatizar processos significa reduzir erros humanos, permitir controle remoto, economizar energia e dar previsibilidade às operações.

O investimento é compensado rapidamente pela redução de perdas e de custos, além da maior vida útil dos equipamentos.

Atualizar a tecnologia de um armazém não é apenas “modernizar” — é preparar o setor para a nova economia da qualidade. As processadoras de grãos já começam a remunerar pela composição química (teor de óleo e proteína, por exemplo). E esses indicadores estão diretamente ligados à performance da armazenagem.

Unidades automatizadas conseguem preservar melhor a qualidade e garantir rastreabilidade, um diferencial competitivo num mercado que valoriza eficiência e sustentabilidade.

Enquanto novas unidades exigem grandes investimentos e longos prazos, a automação transforma o que já existe — e o faz com retorno rápido, medido em produtividade, segurança e qualidade do produto final.

Modernizar deixou de ser uma opção. É o próximo salto de eficiência que o agronegócio brasileiro precisa dar para colher e armazenar como a potência mundial que já é.

Everton Rorato é engenheiro eletricista e diretor da PCE Engenharia.