Nos últimos anos, o ecossistema de inovação no Brasil amadureceu significativamente, mas também enfrentou um cenário desafiador. A combinação de juros elevados e um mercado de capitais mais seletivo reduziu o apetite dos investidores por risco. Nesse contexto, muitas startups, inclusive as do agro, encontram dificuldades para atrair investimentos e sustentar suas operações a longo prazo.

É justamente nesse ponto que o modelo das venture builders se destaca como uma alternativa sólida para a construção de negócios inovadores com maior chance de sobrevivência e valorização.

Diferentemente das aceleradoras ou fundos tradicionais, a venture builder não apenas investe em ideias promissoras: ela constroi, junto com os empreendedores, a estrutura necessária para transformar tecnologia em negócios escaláveis e rentáveis.

Isso significa oferecer não só capital, mas também inteligência de mercado, suporte estratégico, governança e acesso a redes de clientes e parceiros. Essa atuação reduz incertezas, mitiga riscos e aumenta as chances de que uma solução chegue de fato ao mercado e conquiste relevância.

A experiência da WBGI ilustra bem esse modelo. Ao longo de sua trajetória, a venture builder ajudou a formar e consolidar startups que não apenas sobreviveram, mas amadureceram comercialmente e se posicionaram como referências em seus segmentos. Com 10 startups em seu portfólio, tem seu trabalho direcionado para o desenvolvimento e construção de negócios tecnológicos e de alto impacto na agricultura.

Além disso, um dos grandes diferenciais é a proximidade com as universidades, que são centros de referência em inovação no agro, para apoiar pesquisadores a levar suas soluções ao mercado. Enquanto o pesquisador continua debruçado à parte técnica, que é a sua especialidade, a venture builder foca no desenvolvimento do negócio.

Esse histórico comprova que, com acompanhamento próximo e um olhar atento à sustentabilidade financeira, é possível criar empresas que atravessam os ciclos econômicos e seguem crescendo. Um exemplo é a Ideelab, de bioinsumos, que nasceu na incubadora da Esalq/USP e graças ao acompanhamento da WBGI inaugurou recentemente uma biofábrica com investimentos de R$ 30 milhões.

Em um ambiente em que investir em risco isolado deixou de ser atraente, as venture builders oferecem um caminho de equilíbrio: apoiam empreendedores visionários, mas sem abrir mão da responsabilidade com a geração de valor real e contínuo.

Esse modelo garante que a inovação não dependa apenas de rodadas de captação, mas que seja sustentada por estratégias comerciais consistentes e pela construção de negócios sólidos.

No fim, longevidade no mundo das startups não é resultado do acaso, mas de um trabalho estruturado que une olhar apurado com disciplina e constância. E é exatamente isso que as venture builders entregam: negócios que não apenas nascem, mas crescem e permanecem relevantes no tempo.

Alan Galisteu é head de marketing da WBGI.