A atividade agrícola, em especial a produção das commodities, é marcada pela repetição de ciclos históricos que, com alguma frequência se repetem, sejam eles os ciclos climáticos, os ciclos de preço e também os ciclos de transformação.

E através desses ciclos, através dos processos de inovação, evolução e revolução, acontecem as transformações que, no caso da agricultura brasileira, permitiram a mudança histórica de uma nação importadora de alimentos e dependente da monocultura do café e da cana-de-açúcar, numa das potências agroalimentares global do século XXI.

Os últimos quatro anos têm sido turbulentos para o setor agrícola devido a vários fatores, como a COVID, incertezas econômicas e turbulência política em diversas regiões do globo.

Esses eventos têm levado à volatilidade nos preços das commodities e à irregularidade das cadeias de abastecimento de insumos e produtos. Além disso, houve um aumento na consciência nacional da segurança alimentar e um impulso para a sustentabilidade na indústria.

No tema específico do agricultor brasileiro, inserido nas cadeias agroexportadora, como a da soja, do milho e do algodão, o período após a safra 2019/2020 foi marcado por uma das maiores bonanças mercadológicas e econômicas da história da agricultura brasileira.

Entre o que foi colhido na safra 2019/2020 e o que está sendo colhido nessa atual safra, os agricultores brasileiros, favorecidos pela combinação única de fatores – internos e externos – expandiram o cultivo dessas três culturas em 12,8 milhões de hectares, respondendo aos incentivos do livre mercado.

Em perspectiva, esse incremento da área destas três culturas é superior a tudo o que o país cultiva de cana-de-açúcar!

O robusto crescimento da área cultivada veio acompanhado do crescimento da lucratividade e da rentabilidade em diversas cadeias produtivas, mas em especial aquelas conectadas com a demanda externa.

O crescimento desses dois indicadores, por sua vez, tem forte relação com os arranjos institucionais e regulatórios, os ganhos de eficiência e produtividade, que por sua vez, estão fortemente relacionados com o avanço das diferentes tecnologias que suportam a agricultura brasileira.

Acompanhando dados históricos em diferentes regiões do Brasil agrícolas, tomando como exemplo o sistema de produção soja + milho da 2ª safra, temos que os últimos 24 anos marcaram a consolidação desse sistema de produção e, por consequente, também a consolidação de toda uma geração de empreendedores.

No gráfico abaixo mostramos o acompanhamento histórico de uma típica operação agrícola, que transformou cerrado e pastos degradados numa operação eficiente de produção de grãos.

Análise histórica do fluxo de caixa do sistema soja + milho 2ª safra em Mato Grosso / Fonte: Céleres Premissas: Modelo baseado em caso real, base Primavera do Leste, MT, com implementação de 1.000 ha de área agrícola, com gradual introdução do milho na 2ª safra até atingir 90% da área agrícola. Operação 100% máquina própria. Operação 100% terra própria. Todo o resultado convertido em sacas de soja, ao preço médio da safra.

Entre o começo da operação, em 2000, e até algum momento do décimo ano, costumamos chamar essa fase de "dor da abertura" de uma fazenda, em que a margem EBITDA é negativa nos primeiros anos e, gradualmente, se torna positiva, na medida em que os solos têm o seu perfil melhorado e amadurecido.

Importante frisar também a entrada do milho da 2ª safra, como importante componente da receita e do resultado desta operação. Para efeitos de análise, todo o fluxo de caixa desta operação é transformado em sacas de soja, seja proveniente da soja ou do milho.