A produção nacional de soja deve alcançar o volume recorde de 167,7 milhões de toneladas no ano que vem, de acordo com a projeção recém-divulgada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

A entidade estima ainda que, entre janeiro e dezembro de 2024, o volume será de 153,3 milhões de toneladas. Confirmados esses números, o crescimento na produção total do grão, ano contra ano, será de 9,4%.

A perspectiva otimista da Abiove abrange ainda outros indicadores do complexo soja. Os dados sobre exportação mostram volume total de 98,3 milhões toneladas de soja para o mercado externo em 2024 e, para o ano que vem, 104,1 milhões de toneladas, uma evolução de 6%.

Em relação ao esmagamento, a estimativa é de 54,5 milhões de toneladas neste ano e 57 milhões de toneladas em 2025, o que representa crescimento de 4,6%.

No que diz respeito aos derivados, a Abiove estima produção de 44 milhões de toneladas de farelo de soja em 2025, volume que representa aumento de 5,5% sobre as 41,7 milhões de toneladas previstas para 2024. Já as exportações de farelo devem chegar a 22,9 milhões de toneladas em 2025, superando em 3,6% as vendas externas de 2024, com 22,1 milhões de toneladas.

Os avanços nas estatísticas estão diretamente relacionados à evolução que acontece no campo, com aumento de área plantada e, principalmente, com melhoria na produtividade, favorecida por ferramentas como a agricultura de precisão e a biotecnologia, o que resulta em maior produção com menor impacto ambiental.

O estímulo também vem pelo apetite dos países importadores, em especial a China, maior compradora global de soja. Em 2001, os chineses eram responsáveis por 20% da arrecadação brasileira com exportação de soja, enquanto a União Europeia era a principal compradora a soja brasileira naquele momento, com participação de 60% nesse faturamento. A parcela da China nessa conta subiu par 68% em 2022, segundo informações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Outros mercados internacionais começam a aparecer mais no radar da exportação brasileira de soja, como Japão, Tailândia, Taiwan, Turquia, México, Indonésia e até Argentina.

Esse cenário promissor contribui para que a cadeia produtiva da soja cresça, avançando inclusive além das regiões mais tradicionais em seu cultivo, como os estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná. A oleaginosa pode ganhar mais espaço também em Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Rondônia.

Grandes oportunidades de crescimento para a cadeia produtiva da soja estão no mercado de biocombustíveis, sobretudo após ter sido sancionada a Lei do Combustível do Futuro, que determina o aumento da porção de biodiesel na mistura com o diesel de origem fóssil.

Desde março deste ano, o limite é de 14%, mas a partir de 2025 haverá o aumento anual de 1% até chegar a 20% em março de 2030. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda vai avaliar essa adição, e pode até definir novos patamares, alcançando 25%.

“O biodiesel é um marco na história da soja, está fazendo o processamento ser recuperado. Sem esse biocombustível nos últimos dez anos, estaríamos processando 20% menos soja”, disse o presidente da Abiove, André Nassar. Segundo o executivo, a oleaginosa representa 75% de toda a matéria-prima utilizada para a fabricação do biodiesel.

Conforme dados da Abiove, em 2023, foram produzidos 7,5 bilhões de litros de biodiesel, um volume 20,3% superior ao de 2022, quando o setor produziu 6,2 bilhões de litros. Entre janeiro e setembro deste ano, o volume já chegou a 6,7 bilhões de litros.

Para os agricultores, o desenvolvimento dessa indústria também pode ser valioso. “A soja vendida para o processamento, em geral, tem alguma valorização em relação ao grão que é comprado para exportar”, afirmou Nassar. “Além disso, o esmagamento demanda soja o ano inteiro, enquanto o grão é em seis meses. Esse processamento é importante para ter a demanda do segundo semestre.”